Pelo Charlie Hebdo, Lisboa debate e o Porto mostra

Qual o papel do cartoon nas democracias, quem foi Wolinski e centenas de exemplares antigos do jornal satírico entre as duas cidades.

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Manifestação de solidariedade com o "Charlie Hebdo" em Lisboa no dia 8 miguel manso

Georges Wolinski, um dos cinco cartoonistas mortos há uma semana no ataque ao Charlie Hebdo, era presença constante no PortoCartoon na última década. Presidente do júri, cidadão honorário, amante da cidade. Agora, o Museu Nacional da Imprensa inaugura sábado uma exposição de homenagem aos desenhadores e de “afirmação da liberdade de imprensa”, mostrando muitos exemplares do jornal satírico, enquanto que em Lisboa haverá uma mesa-redonda sobre os mesmos temas e o “poder dos cartoons editoriais”.

Levada a cabo pelo Museu da Imprensa, organizador do PortoCartoon, a mostra Charlie Wolinski inaugura-se sábado às 16h evocando “um amigo especial do museu” e reunindo originais de Wolinski, bem como “centenas de jornais Charlie”, informa a instituição em comunicado. O museu lançou também uma campanha escolar, Humor Sim, Ódio Não, para que os temas da liberdade e da tolerância sejam discutidos nas salas de aula, bem como a criação de uma galeria virtual de tributo aos “heróis do humor” do semanário satírico atacado a 7 de Janeiro por homens armados em que morreram 12 pessoas, das quais oito trabalhadores ou colaboradores do Charlie Hebdo.

Dias depois, em Lisboa, Não sei bem o que dizer, mas tenho de dizer qualquer coisa. Uma mesa-redonda que vai reunir no dia 20, às 18h30, no Convento do Carmo os especialistas em cartoon e BD Sara Figueiredo Costa, jornalista e curadora na área da BD, Osvaldo Macedo de Sousa, curador e perito em cartoon político, e os desenhadores Nuno Saraiva e Eduardo Salavisa numa conversa moderada por Pedro Moura. Que espera “abrir a discussão o máximo possível”, como disse ao PÚBLICO o crítico de BD, para que a plateia entre no debate sobre o “ataque ao Charlie Hedbo: o poder dos cartoons editoriais, liberdade de imprensa e expressão, limites sociais, contextos históricos da imprensa ilustrada”, como escreve a organização numa nota. Porque o ataque ao jornal francês “colocou na ordem do dia junto ao grande público uma discussão que tem tido lugar em círculos especializados”, diz o mesmo comunicado, e porque urge debater “qual o papel do cartoon editorial nas democracias modernas” face à negociação permitida pelas leis de liberdade de expressão, expõem os organizadores.

“A comunidade de artistas de banda desenhada, ilustração e cartoon editorial, assim como investigadores e críticos da área têm multiplicado a sua expressão de solidariedade, assombro e até mesmo incompreensão", dizem os organizadores da mesa-redonda. "Alguns dos seus membros não sabem bem como começar a articular o que pensam e sentem, mas sentem também a urgência em fazer algo mais. Esta é uma oportunidade, entre outras, de dialogar.” 

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