Reacções: "Um canto do povo, tão belo como as planícies onde nasceu"

Presidente da República e secretário de Estado da Cultura reagem à classificação do cante como património mundial.

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A importância do cante como elo de ligação entre gerações foi salientada Nuno Ferreira Santos

As reacções oficiais à classificação não se fizeram esperar. Em duas notas às redacções, o Presidente da República e o secretário de Estado da Cultura (SEC) demonstraram a sua satisfação ao verem mais um bem português inscrito na lista do património da humanidade.

O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, diz ter recebido a notícia da distinção do cante alentejano "com grande alegria" e felicitou todos os grupos de cante e os que contribuíram para o sucesso do projecto submetido à Unesco. Cavaco Silva recordou que há cerca de dois anos deu um "contributo insignificante" para essa causa, ao organizar no Palácio de Belém uma sessão de cante alentejana.

A classificação de hoje é um "reconhecimento do valor da cultura portuguesa - neste caso, um canto do povo que reflecte de alguma forma a beleza das planícies alentejanas", afirmou o Presidente da República quando questionado no Dubai pelos jornalistas que acompanham a sua visita aos Emirados Árabes Unidos.

"Devemos regozijar-nos com esta decisão porque que se vem juntar ao reconhecimento do fado como património imaterial da humanidade", disse ainda Cavaco Silva, acrescentando que vai dar um novo conhecimento a um canto popular do povo, da terra, e vai ajudar a projectar Portugal a nível internacional" e a "criar uma boa imagem" do país no exterior.

Uma tarefa que não é só dos agentes políticos e económicos, mas de todos, incluindo os "grandes desportistas", "os grandes artistas", e "os grandes arquitectos".

Para o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, esta classificação vai “contribuir para um aumento do potencial de desenvolvimento cultural do país e, em particular, da região do Alentejo, e garantir uma maior divulgação desta manifestação cultural nacional e internacionalmente”.

"A importância do Cante Alentejano vai além da sua vertente cultural, integrando uma componente social muito forte que se manifestou ao longo de séculos de história e através da sua capacidade de transmissão geracional, que une cidadãos das mais diversas faixas etárias, tornando-o um veículo dinamizador de muitas comunidade", escreve ainda em comunicado Barreto Xavier. 

Também o PCP saudou o reconhecimento do cante alentejano como Património Cultural Imaterial da Humanidade, pelo seu valor "excepcional" como símbolo do Alentejo, da sua tradição e cultura, considerando ser um motivo de orgulho para todos os portugueses.

O presidente da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL) e da Câmara de Beja, João Rocha, disse à Lusa que esta classificação "traz uma grande responsabilidade" na salvaguarda da tradição. Segundo o autarca, que era presidente da Câmara de Serpa, a promotora da candidatura do cante alentejano a Património da Humanidade, quando o processo rumo à classificação foi iniciado, este "é também o reconhecimento da importância da identidade cultural alentejana, porque o cante expressa a alma do Alentejo e das suas gentes, que é posta em cada moda".  "Tudo farei para o preservar e encetarei esforços para que comece a ser logo ensinado nas escolas."

Para o presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo, Ceia da Silva, o que aconteceu em Paris foi "uma enorme vitória". "É uma homenagem ao carácter, à alma e à essência da cultura alentejana."

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