Um bom auto-retrato

Bret Easton Ellis gosta de meter-se em sarilhos, tem mau feitio, acha-se um génio incompreendido, tanto escreve muito bem como mal.

Bret Easton Ellis gosta de meter-se em sarilhos, tem mau feitio, acha-se um génio incompreendido, tanto escreve muito bem como mal e, notoriamente, lida mal com a existência de gerações anteriores e posteriores à dele.

O mais das vezes é petulante e aborrecido, como todos os narcisistas não-geniais invariavelmente são, mas quando acerta em cheio, vai uma porta-aviões ao fundo.

Recomendo os podcasts dele na Podcast One. A Podcast One é gratuita, com um app gratuito, e está cheio de podcasts muito foleiros. O podcast de Easton Ellis está lá no meio. Se calhar está na PodCast One porque mais ninguém está para o aturar.

Cada podcast tem uma hora e tal e inclui memórias e pensamentos dele, lidos a grande velocidade. Esta velocidade vicia: não se perde tempo. As entrevistas dele são fascinantes. As perguntas são quase sempre mais interessantes (e longas) do que as respostas.

A mais recente, de 22 de Setembro, começa com uma memória torrencial do 11 de Setembro de 2001, muito pormenorizada, desconcertante e original. Segue-se uma entrevista com Gerard Way, dos My Chemical Romance.

Easton Ellis é um erudito da cultura popular e, apesar do desastre artístico do filme Canyons, tem opiniões não só inovadoras como bem informadas sobre filmes, o cinema e a indústria do cinema.

Sobre música não é tão arguto. Mas usa a música para se retratar. Mas aí está: a sequência de podcasts constitui uma magnífica autobiografia de Bret Easton Ellis.

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