U2 pedem desculpa por lançamento na Apple: foi tudo “generosidade”, “megalomania” e “medo”

Apenas 26 milhões dos 500 milhões de clientes com contas iTunes descarregaram Songs of Innocence, mas cifra ultrapassa largamente o número de clientes dos U2 na loja de música online da Apple desde 2003.

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O álbum foi lançado a 9 de Setembro REUTERS/Stephen Lam

A 9 de Setembro, Songs of Innocence apareceu em todos os aparelhos da Apple, quer o seu proprietário e um dos cerca de 500 milhões de utilizadores do iTunes quisesse ou não o novo álbum dos U2. Agora, o vocalista Bono Vox pede desculpas e admite que houve “uma gota de megalomania” na “ideia bonita” de dar o seu trabalho ao mundo.

A intromissão do álbum nas playlists nos aparelhos de todos os que tenham uma conta no iTunes gerou reacções adversas que forçaram a Apple a criar uma forma mais expedita do que a inicialmente disponível (e associada ao lançamento de um novo serviço da marca da maçã) para que os U2 desaparecessem dos iPads, iPods, iPhones e outros suportes espalhados por 119 países. Era preciso descarregar o álbum ou as músicas, mas não era possível eliminá-lo. E foi com esse descontentamento que o grupo foi confrontado numa sessão de perguntas e respostas em vídeo no Facebook.

“Podem nunca mais lançar um álbum no iTunes que automaticamente descarrega nas playlists de toda a gente? É muito mal educado”, pediu um dos “milhares” que nos últimos dias enviaram perguntas para a banda irlandesa, disponível para lhes responder a propósito do lançamento de Songs of Innocence, desta feita em CD e vinil. A câmara volta-se para Bono, que se desculpa: “Desculpem por isso. Tinha uma ideia bonita e deixámo-nos levar por nós mesmos. Os artistas são dados a este tipo de coisa. Uma gota de megalomania, um toque de generosidade, uma pitada de autopromoção e de medo profundo de que estas canções nas quais vertemos a nossa vida nos últimos anos pudessem não ser ouvidas. Há muito barulho por aí. Acho que nos tornámos um bocadinho barulhentos para o atravessar.”

Songs of Innocence foi lançado de surpresa durante a apresentação do iPhone 6, chegando gratuitamente a mais de 500 milhões de contas. Já esta terça-feira, Bono Vox deu uma entrevista à rádio pública norte-americana NPR na qual descreveu o sucedido como uma “confusão” e onde admitiu que, devido à vaga de críticas, os membros do grupo ficaram “aterrorizados com a possibilidade de as canções não serem ouvidas”. Porém, considera-se satisfeito porque cerca de “50 milhões de pessoas ouviram pelo menos metade do álbum”. Este é o primeiro álbum da banda desde 2009, ano em que editaram No Line On The Horizon, e Bono continua, na NPR, a descrevê-lo como “uma ideia muito generosa da Apple e dos U2”. “Quisémos entregar uma garrafa de leite à porta das pessoas, mas em alguns casos não foi parar ao seu frigorífico nem nos seus cereais." Voltou a desculpar-se mas, ao mesmo tempo, não deixou de mencionar como a ideia e a utilização da Internet para distribuir música desta forma continua a agradar-lhe.

Como lembra o jornal musical britânico NME, na semana passada foram revelados os números reais daquele que pretendia ser o maior lançamento de sempre de um álbum – não chegou aos 500 milhões mas foi, ainda assim, uma operação de sucesso. Vinte e seis milhões de pessoas descarregaram Songs of Innocence quando este apareceu nos seus iTunes e aparelhos Apple, o que representa apenas 5% dos detentores de contas da Apple. Mas, ainda assim, um número suficientemente alto para colocar o trabalho no top 40 dos mais vendidos de sempre. “Antes disto, 14 milhões de clientes tinham comprado música dos U2 na loja do iTunes desde que ela abriu em 2003”, referiu a título de comparação o vice-presidente da Apple, Eddy Cue, à Hollywood Reporter.

No total, e segundo as contas da Apple apresentadas dia 9 deste mês, 81 milhões de clientes da Apple contactaram com o disco através do iTunes, da iTunes Radio e do Beats Music.

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