Três dias para descobrir a literatura alemã

Encontros Transliterata juntam seis escritores entre Lisboa, Coimbra e Porto.

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O mais recente romance de David Wagner, Leben, é profundamente autobiográfico

Um pequeno mapa da literatura alemã contemporânea, com seis alfinetes a assinalarem outros tantos acontecimentos importantes que ali se produziram nas últimas décadas – serão assim, de 3 a 5 de Novembro, os encontros Transliterata que o Goethe-Institut Portugal e o Literarisches Colloquium Berlin vão levar a Lisboa (Goethe-Institut), Coimbra (Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade) e Porto (Museu do Vinho do Porto). Juntas, as obras dos escritores convidados – Monika Maron (Berlim, 1941), Katja Lange-Müller (Berlim-Lichtenberg, 1951), Ulrich Peltzer (Krefeld, 1956), David Wagner (Andernach, 1971), Kristof Magnusson (Hamburgo, 1976) e Nora Bossong (Bremen, 1982) – compõem um retrato transgeracional da Alemanha primeiro dividida e depois reunificada que sucedeu à Segunda Guerra Mundial.

Monika Maron e Katja Lange-Müller, por exemplo, cresceram na Alemanha de Leste: a primeira, cujo pai chegou a ser ministro do Interior da República Democrática Alemã (RDA), lida até hoje com temas como o passado, a memória e o isolamento; a segunda, filha de uma funcionária do Partido Comunista da RDA, foi expulsa da escola aos 17 anos por "comportamento não-comunista" e vigiada durante anos pela Stasi, a polícia política do regime. A política é, no entanto, um assunto transversal, que os autores nascidos do lado de cá da Cortina de Ferro também abordam: é o caso de Ulrich Peltzer, cuja obra retoma insistentemente o Maio de 68. Mais autobiográfico, o último romance de David Wagner, Leben, deixa-se contaminar pelas circunstâncias muito pessoais do autor, que durante anos sofreu de doença hepática crónica e foi recentemente sujeito a um transplante de fígado. Já Kristof Magnusson e Nora Bossong, os mais jovens escritores deste painel, reflectem sobretudo acerca do impacto da crise financeira mundial nas vidas deste início de século.

Ao longo de três dias, as obras destes seis escritores estarão no centro de uma agenda de debates, apresentações e leituras, com moderação dos jornalistas Carlos Vaz Marques e Eduardo Jorge Madureira. 


 

 

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