Todas (mas mesmo todas) as Basement Tapes de Bob Dylan editadas em Novembro

A mais famosa bootleg da história popular, registo das gravações de Dylan com The Band entre 1967 e 1968, terá finalmente edição integral.

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Décadas depois das gravações em Woodstock, as Basement Tapes continuam a fascinar os fãs do cantor AFP / Hector Mata

As Basement Tapes, gravadas por um Dylan em convalescença, acompanhado pela The Band, na segunda metade da década de 1960, são provavelmente a mais famosa bootleg (edição pirata) da história da música popular. À época, foram passadas avidamente de mão em mão e por baixo de balcões, foram analisadas ao pormenor por fãs e adaptadas por músicos como os The Byrds, que gravaram This wheel’s on fire, por exemplo, quando não existia ainda editada a versão original da canção – e, décadas depois, Greil Marcus dedicar-lhes-ia um livro completo, The Old Weird America.

Em 1975, Dylan e The Band oficializaram as gravações, com a edição pela Columbia do álbum duplo intitulado, precisamente, The Basement Tapes. As 24 canções incluídas nos dois discos eram porém uma visão parcelar do que acontecera naquela cave em Woodstock, Estado de Nova Iorque, em que cantor e banda gravaram entre 1967 e 1968, período em que Dylan recuperava do acidente de mota mitificado na sua biografia (especulou-se que o simulara para escapar à pressão constante de público e imprensa). Dia 4 de Novembro, vamos finalmente saber tudo o que se passou na cave em que a originais se juntaram novas versões de canções de Dylan, versões embrionárias de música que só conheceríamos depois, releituras de tradicionais do cancioneiro americano ou de Johnny Cash, Hank Williams, Pete Seeger ou Curtis Mayfield. O título é elucidativo: The Basement Tapes Complete.

Está lá tudo, mas mesmo tudo o que Garth Hudson, teclista da The Band, preservou em bobines na sua casa em Woodstock. Há dez anos, estas seriam vendidas a Jan Haust, coleccionador residente em Toronto, no Canadá, que contactou posteriormente os representantes de Bob Dylan para disponibilizar ao público todo o arquivo. Será a 11ª edição das "Bootleg Series” que o cantor iniciou em 1991. Em declarações à Rolling Stone, um representante de Dylan confessa que, para os lançamentos desta série, é habitual ser feita uma selecção cuidada do material. Neste caso, não houve qualquer trabalho desse tipo. Não podia. “Sabíamos que os fãs ficariam desapontados se não puséssemos cá fora absolutamente tudo”.

Trata-se de 138 canções organizadas por ordem cronológica, seguindo os apontamentos de Garth Hudson, e agrupadas em seis CD. A Rolling Stone afirma que pelo menos 30 delas “nem o mais fanático dos fãs de Dylan sabia que existiam”. Será também disponibilizada uma edição menos aturada, The Basement Tapes Raw, que reúne 12 canções inéditas ao alinhamento original do álbum.

Entretanto, uma semana depois do lançamento da caixa, a saga conhecerá mais um capítulo. O produtor e guitarrista T Bone Burnett pegou em letras não utilizadas por Dylan durante o período, juntou músicos como Elvis Costello ou Marcus Mumford, e inventou a partir delas novas canções. O resultado é Lost On The River: The New Basement Tapes.

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