Teatro do Noroeste suspende programação até 2016 por falta de apoio do Estado
Em causa está a exclusão da companhia de Viana do Castelo dos apoios directos atribuídos pela Direcção-Geral das Artes
A companhia de teatro de Viana do Castelo decidiu suspender a programação enquanto aguarda decisão sobre o recurso que apresentou junto da Direcção-Geral das Artes devido à sua exclusão dos apoios directos do Estado.
"Tínhamos uma estreia já prevista para o dia 4 de Julho, a Antígona e, claro, face a esta incerteza cancelámos os ensaios, o compromisso que tínhamos com os criadores e os actores. Toda a programação dos próximos três meses, assim como a programação até final do ano, e a de 2016, está suspensa porque a candidatura era para dois anos", afirmou a presidente da direcção do Teatro do Noroeste e directora artística da companhia, Elisabete Pinto.
Numa conferência de imprensa, a responsável disse que a intenção da companhia de recuperar, em Outubro, o Festival de Teatro do Eixo Atlântico (Festeixo), suspenso desde 2010 por falta de verbas, "ficou agora obrigatoriamente comprometida".
Em causa está a candidatura apresentada pelo Teatro do Noroeste - CDV em Janeiro ao concurso de apoio directo promovido pela Direcção-Geral das Artes (DGArtes). Segundo Elisabete Pinto, a lista das companhias a apoiar nos próximos dois anos deveria ter sido conhecida no prazo de 60 dias, após a entrega de candidaturas, mas tal só veio a acontecer 120 dias depois.
A responsável adiantou terem sido aprovadas 36 candidaturas a nível nacional e, "apesar de elegível", o projecto da companhia profissional de Viana do Castelo "ficou na 38ª posição, não sendo apoiado por falta de verbas".
Elisabete Pinto sublinhou que apesar da DGArtes "ter suprimido a audiência de interessados, alegando não querer atrasar o processo", a companhia decidiu apresentar recurso, que terá que conhecer uma decisão até 22 de Julho.
A suspensão da programação assume-se como "uma forma de protesto em relação a uma perfeita injustiça que é feita ao Teatro do Noroeste".
"É também uma forma de pressão para que alguém, a DGArtes ou o Governo, tome uma posição sobre esta atribuição de subsídios", frisou.
Para a companhia residente no Teatro Municipal Sá de Miranda, a comissão de apreciação do concurso "avaliou o projeto de forma extrapolativa, e sem o mínimo rigor".
"A julgar pela acta de avaliação, dá a impressão de que estão a pronunciar-se sobre outra candidatura que não a nossa", disse.
A primeira edição da Escola de Verão para Actores é a única iniciativa prevista na programação deste ano que não é suspensa, por ser financiada integralmente pela autarquia local.
Em 23 anos de actividade, a companhia apresentou 122 criações que contaram com quase 450 mil espectadores.