Soprano Licia Albanese, importante intérprete de Puccini e Verdi, morreu aos 105 anos

Uma intérprete conhecida pelas suas prestações em Madama Butterfly ou La Traviata.

Foto
Albanese como Violetta em "La traviata" Sedge LeBlang/Metropolitan Opera

A soprano Licia Albanese, cuja perícia técnica e intensidade emocional em obras como Madama Butterfly e La Traviata a tornaram numa estrela da ópera, moreu aos 105 anos em Nova Iorque, disse o seu filho

Albanese morreu pacificamente sexta-feira, rodeada pela sua família no seu apartamento, disse o seu filho, Joseph Gimma Jr. “A minha mãe teve uma vida maravilhosa, maravilhosa, e uma grande carreira.”

Albanese deixou a sua primeira marca no mundo da ópera na sua Itália natal nos anos 1930, antes de se mudar para os EUA e de atingir o estrelato duradouro na Metropolitan Opera, em Nova Iorque, entre 1940 e 1066.

Protagonizou uma série de operas mas era mais associada às dos compositores italianos Giacomo Puccini e Giuseppe Verdi. Os seus papéis-chave foram a gueixa atormentada Cio-Cio-San em Madama Butterfly, de Puccini, a delicada parisiense Mimi em La Bohème, de Puccini, e a cortesã enferma Violetta em La Traviata, de Verdi.

Albanese cantou com muitos dos grandes tenores do seu tempo, incluindo Franco Corelli, Beniamino Gigli, Tito Schipa, Jussi Bjorling e Giacinto Prandelli e era uma favorita do famoso maestro Arturo Toscanini.

Era conhecida pelo seu talento enquanto actriz e pela perícia técnica do seu canto. Contava com alegria momentos divertidos da sua carreira, incluindo um com a estrela italiana Ezio Pinza. “Lembro-me de uma transmissão de La Bohème em que me estava sempre a cheirar a algo horrível na cena final, em que eu estava a morrer. Continuava a cantar, mas de permeio sussurrava a toda a gente ‘ Meu Deus, que cheiro é este?’ E finalmente, no fim, Pinza sacou de um arenque que estava debaixo da minha almofada”, contou ao New York Times in 1989.

“No fim, as pessoas vinham as bastidores e diziam ‘Oh, que belo que foi, você chorava tanto que nos fez chorar’. Mas na verdade tínhamos estado a rir tanto que fomos às lágrimas.”

Albanese, que se naturalizou americana, também cantou na Ópera de São Francisco durante duas décadas e gravou frequentemente. Em 1995, o então Presidente dos EUA, Bill Clinton, condecorou-a com a Medalha Nacional de Honra para as Artes. Em 1974, criou a Fundação Licia Albanese-Puccini Foundation para ajudar as carreiras dos jovens cantores de ópera.

Sugerir correcção
Comentar