Shortlist do Prémio Turner inclui uma urbanização social em Liverpool

Três mulheres e um colectivo de 18 arquitectos e designers são os escolhidos deste ano.

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O colectivo Assemble trabalha com as comunidades locais DR

Arte política com consciência social. A avaliar pelos quatro finalistas nesta terça-feira anunciados será sobre isso o Prémio Turner deste ano, a mais mediática distinção de artes plásticas da Europa, no valor de 25 mil libras (cerca de 30 mil euros). Os finalistas são três mulheres e um colectivo de 18 jovens designers e arquitectos. Entre os projectos destacam-se a transformação de uma urbanização em Liverpool.

O vencedor só será anunciado no final do ano, a 7 de Dezembro, mas os artistas finalistas já se conhecem. A Tate anunciou nesta terça-feira a shortlist do prémio. E são eles Bonnie Camplin com The Military Industrial Complex, Janice Kerbel com DOUG, Nicole Wermers com Infrastruckur, e o colectivo Assemble com o projecto social de transformação de uma urbanização em Liverpool.

É para o colectivo, sedeado em Londres, que a atenção da imprensa britânica se está a virar. Os designers e arquitectos da Assemble usam as artes, a arquitectura e o design para criarem projectos próximos das comunidades locais. Foi o que fizeram na zona de Granby Four Streets em Toxteth, nos arredores de Londres, onde várias casas estavam abandonadas há muito tempo. A acção começou com os próprios moradores e acabou com a ajuda do colectivo que transformou estas residências em espaços práticos e com efeitos sociais para a comunidade. É a arquitectura a favor da comunidade. É tornar os espaços abandonados em algo que possa ser usado por todos.

Aos jornalistas, a directora da Tate, que promove o Turner, disse que todos os arquitectos e designers deste colectivo têm menos de 30 anos e dividem um estúdio em Londres. “São como um colectivo modernista dos anos 1930”. “Todos os dias se sentam à mesa, ao almoço, a discutir os projectos e não aceitaram a nomeação [ao prémio] até que todos estivessem de acordo”, revelou ainda Penelope Curtis.

A controvérsia persegue este prémio, como já é tradição, e no ano passado, em que venceu o irlandês Duncan Campbell, surgiram críticas de que as escolhas eram demasiado obscuras, esotéricas e inapreensíveis. Já este ano, escreve o The Guardian, as críticas não se deverão repetir. As escolhas são tradicionais, convidando até à participação do público. Como é o caso do trabalho de Bonnie Camplin que transformou a South London Gallery numa espécie de arquivo e o visitante num investigador.

Nicole Wermers, nascida na Alemanha e a viver em Londres, foi escolhida pela exposição Infrastruckur, constituída por esculturas, colagens e instalações que exploram a apropriação da arte e do design na cultura do consumo. Já Janice Kerbel foi nomeada com DOUG, uma performance operística a seis vozes sobre uma personagem chamada Doug que vive nove acontecimentos catastróficos.

O Prémio Turner é um dos momentos mais aguardados do calendário da arte contemporânea. Este ano, pela primeira vez, vai ser entregue em Glasgow, na Escócia. Distingue artistas que se tenham destacado em exposições ou em outro tipo de apresentações durante aquele ano. Em Outubro, vai ser inaugurada na Tramway, em Glasgow, uma exposição colectiva em que os quatro artistas apresentarão os trabalhos com que foram seleccionados. 

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