Seria este o rosto de Shakespeare aos 30 anos?

O historiador e botânico Mark Griffith afirma ter achado num livro de 1597 o primeiro retrato de Shakespeare feito em vida do dramaturgo.

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O achado de Griffith foi revelado pela revista Country Life

Um livro de botânica com mais de 400 anos contém o que pode ser o único retrato conhecido de William Shakespeare (1564-1616) feito ainda em vida do dramaturgo. É pelo menos o que sustenta o historiador e botânico Mark Griffith, que afirma ter chegado à identificação do bardo numa gravura do final do século XVI após ter solucionado uma “cifra engenhosa”.

Griffith defende que a gravura em causa mostra a verdadeira aparência de Shakespeare quando este se encontrava na força da vida, calculando que o escritor poderia ter 33 anos quando foi retratado. O investigador descobriu a gravura quando pesquisava a biografia de John Gerard (1545-1612), um pioneiro da botânica a quem se deve a monumental obra de referência The Herball or Generall Historie of Plantes, um calhamaço de quase 1500 páginas originalmente publicado em 1597.

Dos exemplares dessa primeira edição que chegaram até aos nossos dias, só uma dezena preserva a página de rosto, decorada com uma gravura, da autoria de William Rogers, na qual figuram quatro personagens que se pensava terem saído da imaginação do artista.

A tese de Griffith é a de que Rogers figurou quatro pessoas reais e que os motivos vegetais e heráldicos que rodeiam cada uma das personagens revelam a respectiva identidade. Ainda de acordo com o investigador, seriam elas o próprio autor do livro, John Gerard, um famoso botânico flamengo, Rembert Dodoens, o tesoureiro-mor da Rainha Isabel, Lord Burghley, e William Shakespeare.

A identificação do bardo apoia-se no facto de a quarta figura representada por Rogers segurar uma espiga de milho e uma fritilária, planta da família das liliáceas, motivos que apontariam para o poema Venus and Adonis, de Shakespeare, e para a sua peça Titus Andronicus.

O achado de Griffith foi relevado pela revista Country Life, que o rotulou como “a descoberta literária do século”. Uma declaração um pouco imprudente, quer pela algo duvidosa solidez da prova, quer tendo em conta o vasto historial de alegados retratos de Shakespeare que foram sendo propostos e contestados em anos recentes.

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