Sebastião Salgado regressa a Portugal com Génesis

Exposição daquele que é um dos mais importantes fotógrafos vivos ensaia uma aproximação às origens do planeta. Fotógrafo brasileiro levou oito anos a concretizar projecto, do qual também faz parte um livro e um documentário.

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Com Génesis, o fotógrafo quer mostrar ao mundo um planeta por descobrir e nessa mensagem alertar para o papel do homem na sua preservação Sebastião Salgado
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Imagem do filme “O Sal da Terra” (estreia em Março), que aborda percurso de Sebastião Salgado na fotografia e a realização de “Génesis”, o trabalho que passará por Lisboa DR
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Iguana-marinha (Amblyrhynchus cristatus). Galápagos, Equador, 2004 Sebastião Salgado
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Imagem do filme “O Sal da Terra” (estreia em Março), que aborda percurso de Sebastião Salgado na fotografia e a realização de “Génesis”, o trabalho que passará por Lisboa DR
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As mulheres mursi e surma são as últimas do mundo a usar discos para estender os lábios. Dargui, povoação mursi no Parque Nacional Mago, perto de Jinka, Etiópia, 2007 Sebastião Salgado
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Win Wenders e Sebastião Salgado DR

O último grande trabalho fotográfico de Sebastião Salgado, o projecto Génesis, vai ser mostrado na Cordoaria Nacional, em Lisboa, a partir do dia 8 de Abril. A exposição, com curadoria de Lélia Wanick Salgado, incluirá 245 imagens de grande formato captadas entre 2004 e 2011 nos lugares mais recônditos e desconhecidos da Terra. Desde que foi inaugurada em Abril de 2013, no The Natural History Museum, em Londres, Génesis já foi vista por quase dois milhões de pessoas (só em São Paulo, no Brasil, chegou aos 410 mil visitantes).

A concretização deste projecto (que terminou no final de 2011 no Pantanal, no Brasil) inscreve no extenso currículo de Sebastião Salgado (Aimorés, Minas Gerais, 1944) mais um ensaio com características épicas, depois do reconhecimento global obtido com Trabalhadores (1993), que documentou em todo mundo os sinais do desaparecimento de um modo de vida baseado na manufactura, e Migrações (2000), registo das deslocações em massa de pessoas, forçadas pela fome, desastres naturais, condições ambientais degradadas ou pressão demográfica. Por seu lado, Génesis (da raiz grega “nascimento”, “origem”, o primeiro livro da Escritura, aquele em que se narra a criação do mundo) procura os “lugares prístinos [anteriores, velhos] da Terra”, na tentativa de demonstrar que ainda existe “um planeta puro, grande e majestoso”.

Na promoção deste trabalho, o fotógrafo brasileiro não se tem cansado de dizer que o resultado destes oito anos de viagens por mais de três dezenas de destinos pode ser comparado a uma longa “carta de amor ao planeta”. Para além da descoberta de lugares que permanecem intocados ou que são pouco conhecidos, a jornada levada a cabo com Génesis significou também uma reconciliação de Salgado para com a arte que decidiu abraçar quando já tinha ultrapassado a casa dos 30 anos. Isto porque, depois de Migrações, Sebastião Salgado ponderou abandonar a fotografia, chocado com as condições de vida de muitos povos e com o número de mortes que viu à sua frente, especialmente no Ruanda. A ideia de captar a Natureza e a relação do Homem com ela no seu estado mais puro motivou-o de novo e deu-lhe a energia para levar a cabo a epopeia de Génesis, que mostra animais em liberdade, vulcões, icebergs, selvas, desertos e comunidades quase desconhecidas desde o Amazonas à Nova Guiné.

Para além desta exposição, o projecto Génesis já deu origem a um livro (com a chancela da Taschen) e a um documentário, O Sal da Terra, realizado por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado (filho de Sebastião), que estrou mundialmente no último Festival de Cannes, onde recebeu uma Menção Especial do Júri da secção Un Certain Regard. Em Portugal, o filme será estreado pela Midas no dia 9 de Abril.

A exposição Génesis em Lisboa (co-produzida pela Câmara Municipal de Lisboa, a EGEAC e a Terra Esplêndida) significa o fim de uma ausência de 15 anos de exposições do fotógrafo em Portugal, depois da inauguração de Migrações em 2000.

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