Scorsese cancela documentário sobre Bill Clinton

Alegadas divergências entre o cineasta e o ex-presidente dos Estados Unidos, que terá exigido aprovar a versão final do documentário, ditaram a suspensão de um filme que poderia chegar à televisão em plena campanha presidencial de Hillary Clinton.

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Quando o projecto arrancou em 2012, nada fazia prever atritos entre o cineasta e o político DR

Um documentário de Martin Scorsese sobre Bill Clinton, no qual o realizador vinha trabalhando desde 2012 e que estaria quase pronto, foi cancelado por tempo indefinido, aparentemente por divergências quanto ao controle do projecto.

Ao longo dos últimos dois anos, Scorsese filmou o ex-presidente dos Estados Unidos em várias circunstâncias, designadamente numa visita filantrópica a África, mas o documentário, financiado pelo canal televisivo HBO, foi agora “posto na prateleira”, disseram ao jornal New York Times fontes ligadas ao projecto, que pediram anonimato por terem assinado cláusulas de confidencialidade.

Bill Clinton, cuja mulher, Hillay Clinton, é uma provável candidata às presidenciais de 2016, terá querido controlar as perguntas colocadas por Scorsese e exigido aprovar a versão final do filme, explicaram as mesmas fontes, adiantando que outra “questão em aberto” era o modo como a filha de Bill e Hillary, Chelsea, poderia aparecer no documentário.

O prestigiadíssimo realizador de Taxi Driver (1976), O Touro Enraivecido (1980) ou Tudo Bons Rapazes (1990) não terá gostado das tentativas do ex-presidente democrata para controlar o seu trabalho e decidiu suspender o projecto.

Um porta-voz de Clinton, Matt McKenna, já veio dizer que a versão divulgada pelo New York Times é “inexacta”, mas sem especificar quaisquer imprecisões. A equipa de Scorsese recusou comentar a situação, e o canal HBO, que pertence ao grupo Time Warner, confirmou o cancelamento, mas sublinhou que esta suspensão “não quer dizer que o filme não irá ser feito”.

Quando o projecto arrancou em 2012, nada fazia prever atritos entre o cineasta e o político. Scorsese disse então que o seu filme iria trazer “um conhecimento mais amplo desta figura transcendente”. E Clinton pagou-lhe na mesma moeda, manifestando a sua satisfação por ter despertado o interesse de um “realizador mítico”.

No entanto, parecem ter acabado por não conseguir ultrapassar as previsíveis complicações de realizar um documentário em torno de uma personalidade cuja mulher estará prestes a arrancar com mais uma campanha presidencial.

À medida que se aproxima o período de campanha eleitoral e a imprensa vai especulando que Hillary poderá declarar-se candidata pelo Partido Demcrata já nas próximas semanas, os consultores dos Clinton terão começado a recear os riscos que um documentário como este poderia representar.

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