Sambas que flertam com outros ritmos e sons electrónicos

Rodrigo Maranhão regressa com nova sonoridade. Esta sexta-feira no Santiago Alquimista, amanhã na Casa da Música com António Zambujo.

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Rodrigo Maranhão num concerto em Portugal, em 2008 ENRIC VIVES-RUBIO

Foi há oito anos que Portugal ouviu falar dele pela primeira vez, através de um disco irresistível chamado Bordado (2007), o seu primeiro. Desde essa data, Rodrigo Maranhão manteve vivos os primeiros laços.

E o regresso, agora, aos palcos portugueses, deste cantor e compositor carioca (nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de Setembro de 1970) faz-se entre dois discos: um que ele lançou em 2014, Itinerário (o seu terceiro, no meio ficou Passageiro, de 2011) e outro que já anda pela sua cabeça mas que não tem ainda forma, título ou alinhamento. Apenas um certo (e novo) som.

Como lhe surgiu isso? Por acaso. Os músicos com que costuma tocar, e que o acompanharam no seu mais recente disco (Marcelo Caldi, Nando Duarte e Pretinho da Serrinha) não puderam viajar com ele desta vez. E Rodrigo fez uma parceria com o muito requisitado percussionista Marcos Suzano e com o violonista Marcello Gonçalves, do Trio Madeira Brasil. Daí nasceu tudo, diz ele.

“Eu faço alguns sambas bem tradicionais e outros não tanto. Com o Suzano, um percussionista que viajou bastante e conhece muito de ritmos africanos, e com o violão de sete cordas do Marcello, que pode soar tradicional mas também pode ir por outros caminhos, o resultado está a ser muito rico. Tocar samba e pesquisar as várias caras que ele pode ter. Estamos a pensar fazer um disco com sambas estranhos, embora não deva ter esse nome, que é ruim. Mas serão sambas que flertam com outros ritmos e sons electrónicos, que é uma coisa muito nova no meu trabalho.”

Em Portugal, Rodrigo fará duas apresentações. Uma em Lisboa, esta sexta-feira, no Santiago Alquimista, às 21h30; e a outra no sábado, no Porto, na Casa da Música, às 22h. No Porto terá um convidado especial, António Zambujo. Que já gravou cinco canções de Rodrigo e participou em dois discos dele: Passageiro, com Quase um fado (que cantaram ao vivo em Portugal, em 2011, no Delta Tejo) e Itinerário, em Madrugada (ele e Bernardo Couto, na guitarra portuguesa). Nos palcos brasileiros, dividiram uma temporada de concertos no Rio de Janeiro, em 2012.

Rodrigo Maranhão conheceu António Zambujo em Portugal. “Eu estava na estrada, de Lisboa para o Porto, e a Diana, produtora do Zambujo na época, pôs um disco dele a tocar no carro. Ouvi e fiquei imediatamente a pensar como seria se ele gravasse uma música minha. É que ele é muito português mas há uma coisa forte no jeito de cantar dele que o aproxima do Brasil. Quis a vida, que tem estes golpes de sorte, que a gente se encontrasse num jantar, violão p’ra cá, vinho p’ra lá, comecei a tocar as minhas músicas, e daí nasceu uma amizade que cultivo até hoje.”

Rodrigo Maranhão é também fundador do grupo de samba-funk Bangalafumenga, nascido em 1998 a partir de um bloco carnavalesco carioca (grupo com o qual se apresentou já em Portugal, em 2009, num concerto memorável na Casa da Música, com Elza Soares). Mas, passados tantos anos, está a ser difícil conciliar os dois papéis, o da carreira a solo e o de cantor do grupo. “Já arrumei um cantor para me substituir. Vou deixar o Banga caminhar pelas suas próprias pernas. Foi muito legal, mas a minha cabeça já está mesmo a pensar noutro disco.”

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