Sam Shaw não fotografou só a saia levantada de Marilyn

Sam Shaw fotografou Hollywood. Mas também mineiros e cenas de crime. A exposição Recordando Sam Shaw chega a Cascais em Setembro.

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Marilyn Monroe na rodagem de O Pecado Mora Ao Lado , em Nova Iorque, 1954 SAM SHAW
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Marlon Brando, 1959 SAM SHAW
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Woody Allen, 1967 SAM SHAW
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Alfred Hitchcock, 1951 SAM SHAW

Sam Shaw (1912-1999) é o autor da fotografia mais icónica de Marilyn Monroe: a actriz segurando a saia do vestido, levantada pela brisa que sopra do respiradouro do metro de Nova Iorque.

Shaw, que começou a carreira como fotojornalista, documentando mineiros e trabalhadores agrícolas no interior da América e a segregação racial no sul do país, e publicando em revistas como a Life e a Look, foi o fotógrafo de rodagem do filme O Pecado Mora Ao Lado (1955), de Billy Wilder. Quando leu o guião, Shaw teve a ideia de tornar essa fotografia de Monroe na imagem de promoção do filme. A cena foi rodada em Nova Iorque, na Avenida Lexington: Marilyn e o actor Tom Ewell estão a caminhar pela rua, comentando o filme que acabaram de ver, quando ela pára sobre o respiradouro do metro e o vento levanta o seu vestido branco acima dos joelhos. “Não é delicioso?”, pergunta Marilyn, desfrutando o momento, em vez de tentar cobrir as pernas, como qualquer mulher “decente” faria em 1954. Sam Shaw sempre atribuiu a composição dessa fotografia a ela, Marilyn.

Recordando Sam Shaw é o título de uma exposição antológica que o Centro Cultural de Cascais vai receber entre 11 de Setembro e 8 de Novembro. A mostra é produzida pela Terra Esplêndida, que tem estado por trás das exposições de Sebastião Salgado, actualmente na Cordoaria Nacional, e de Marilyn Monroe: A Última Sessão, por Bert Stern, em 2011, em Cascais.

Marilyn outra vez? Sim, com a saia levantada, entre outras fotografias. Mas a exposição de Sam Shaw é muito mais do que isso. São mais de 200 fotografias a preto-e-branco, algumas delas inéditas, incluindo retratos de actores de Hollywood (Marlon Branco, Woody Allen, Romy Schneider), mas também o trabalho mais documental ou jornalístico de Shaw (cenas de crime, um clube de boxe, supremacistas brancos). E objectos: a máquina fotográfica de Shaw, cópias de revistas onde publicou, a correspondência com Marilyn Monroe.

“Marilyn nasceu para os fotógrafos. Era o ser humano ideal para se fotografar”, disse Sam Shaw numa entrevista ao PÚBLICO em 1992, quando inaugurou uma exposição sobre Marilyn no Festival Internacional de Cinema de Tróia.

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