Director de fotografia Rui Poças vai filmar com Lucrecia Martel

Zama começa a ser rodado em Maio, em Mendoza, no norte da Argentina.

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Rui Poças, o director de fotografia dos filmes de Miguel Gomes e João Pedro Rodrigues, vai trabalhar com a cineasta Lucrecia Martel no seu próximo filme, Zama, que começa a ser rodado em Maio, em Mendoza, no norte da Argentina.

O encontro entre Poças e Martel deu-se em Setembro do ano passado, em Buenos Aires. “Foi uma conversa muito fácil. Uma coisa química, talvez”, lembra o director de fotografia português, que terá sido sugerido pela co-produtora brasileira do filme, Vania Catani, da Bananeira Filmes. Rui Poças descreve a realizadora argentina como uma figura “magnética”, “ inteligente”, “com uma visão quatro ou cinco degraus acima das outras pessoas”.  “Foi muito bom encontrar outra pessoa que também pensa fora da caixa”, diz Poças sobre a realizadora que se revelou com O Pântano (2001), filme que colocou a Argentina no mapa da cinefilia contemporânea e que a Criterion acaba de editar em DVD e Blu-Ray. Outra memória dessa conversa: falaram mais de som do que de imagem.

Zama marca o regresso de Martel, que não filma desde A Mulher Sem Cabeça (2008). É o primeiro argumento adaptado da sua filmografia, baseado no romance homónimo de Antonio di Benedetto sobre um oficial da coroa espanhola estacionado no Paraguai que aguarda a chegada de um barco com a carta do rei autorizando a sua transferência para Buenos Aires – só que o barco nunca mais chega… “A trama é tudo o que acontece enquanto essa carta não chega”, explicou Martel à Folha de S. Paulo em 2013.

“É um filme de época, passa-se no século XVIII, mas a intenção é não fazer um filme com os tiques de época”, diz Rui Poças. Nem Barry Lyndon nem BBC. “Estamos libertos desse espartilho da convenção dos filmes de época, o que nos permite fazer outra coisa. A certa altura falámos de fazer um filme que tivesse mais a ver com ficção científica do que com um filme de época.”

Duplo desafio para Poças: filmar numa cultura diferente, sul-americana, sem se deixar dominar pelas suas referências visuais europeias, recusando ao mesmo tempo as convenções da reconstituição histórica, “porque o filme não é isso”, nota.

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