Riccardo Muti deixa a Ópera de Roma

O maestro deixa o cargo de director musical que assumiu em Agosto de 2009

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Muti diz não ter condições para continuar em funções

O maestro italiano Riccardo Muti afastou-se da condução de duas produções da nova temporada da Ópera de Roma e vai deixar o cargo de director musical do teatro, que assumiu em 2009 e que até agora acumulava com o cargo homólogo na sinfónica de Chicago.

Numa carta citada pela imprensa italiana e que Muti terá feito chegar na semana passada ao presidente da câmara de Roma e ao director geral do teatro, o maestro de 73 anos diz que a decisão lhe causou “grande tristeza”, mas sublinha: “Infelizmente, apesar de todos os meus esforços, não existem condições que garantam a serenidade de que preciso para que as produções resultem.”

Tanto o Corriere della Sera como o britânico The Guardian referem que, na sua carta, Muti não diz explicitamente que deixará a sua posição vitalícia como maestro honorário, mas o Guardian diz que tal é implícito devido à natureza do acordo que o maestro tinha com o teatro.   

Esta segunda-feira, a Ópera de Roma tinha em branco no seu site o espaço para a direcção musical na ficha artística tanto de Aïda, a produção que supostamente abrirá a temporada a 27 de Novembro, como de As Bodas de Fígaro, com estreia marcada para 21 de Maio.  

A saída de Muti surge na sequência de uma série de medidas de represália lançadas pelos funcionários do teatro contra o plano de cortes nos custos de uma instituição que chegou a ter um déficit de 12 milhões de euros, entretanto alegadamente sanado.

Entre ameaças de greve e protestos que afectaram várias apresentações ao longo dos últimos meses, o ministro da Cultura italiano, Dario Franceschini, afirmou-se solidário com Muti: “Com profunda amargura, tenho que dizer que percebo os motivos que levaram a esta decisão, que é dolorosa para toda a gente. Espero, pelo menos, que isto abra os olhos daqueles que obstruem a mudança pela qual a ópera italiana há tanto tempo espera.”  

Também o presidente da câmara de Roma, Ignazio Marino, fez saber estar com Muti. “Da nossa parte prossegue o empenho no saneamento financeiro de uma das maiores instituições culturais do país, que encontrámos em estado de desastre económico, produto de uma gestão insana. Uma situação que corrigimos em apenas um ano”, diz Marino citado pelo Corrierre della Sera. Para concluir esperar que “uma vez superados os problemas que agora afligem o teatro, e o sistema musical italiano, em geral, se possam recriar as condições para que o maestro Muti possa voltar”.

Em Itália, Muti ficará agora apenas à frente da Orchestra Cherubini, a orquestra de jovens músicos que ele próprio fundou em 2004.

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