Raríssima primeira edição da "Peregrinação" na última etapa do leilão da biblioteca de Laureano Barros

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Esta última fase do leilão prolongar-se-á por seis sessões, que terão lugar nas noites de 20 a 22 e de 27 a 29 PÚBLICO

Começa hoje, com a exposição dos livros a leiloar, a terceira e última parte do leilão da biblioteca de Laureano Barros (1921-2008), a decorrer, como as anteriores, na sede da Junta de Freguesia do Bonfim, no Porto. Matemático e figura da oposição ao salazarismo, Laureano Barros reuniu na sua casa de Ponte da Barca, ao longo de décadas, aquela que é a mais notável colecção privada de literatura portuguesa constituída na segunda metade do século XX.

Entre os 2192 lotes que serão licitados nos próximos dias - e que se juntarão aos 4253 que já foram à praça em 2009, nas duas primeiras partes deste gigantesco leilão -, conta-se uma primeira edição da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, obra pela qual o bibliófilo teria particular estima já que se deu ao trabalho (e à despesa) de adquirir exemplares de todas as dez primeiras edições do livro.

Se os importantes conjuntos de manuscritos de Eugénio de Andrade e Luiz Pacheco sobressaíram nas sessões iniciais - a biblioteca começou a ser leiloada há exactamente um ano -, a peça mais mediática, nesta última etapa, é mesmo a edição original da Peregrinação. Mas não faltam outras obras quase impossíveis de encontrar, como a raríssima primeira edição dos Sonetos de Antero de Quental ou vários dos 160 lotes que compõem o núcleo pessoano desta biblioteca. Além das peças "clássicas", como as edições originais da Mensagem e da poesia inglesa, Barros possuía preciosidades como o panfleto O Interregno, que Pessoa publicou em 1928, o desconhecidíssimo Mar Portuguez, um volume com doze poemas editado em Macau em 1936 para distribuição gratuita nas escolas, ou a separata da revista Portugal Futurista com a primeira edição do Ultimatum de Álvaro de Campos.

Esta última fase do leilão prolongar-se-á por seis sessões, que terão lugar nas noites de 20 a 22 e de 27 a 29. Herculano Ferreira, da Livraria Manuel Ferreira, estima que os seis mil e tal lotes da biblioteca de Laureano Barros venham a render, no total, cerca de meio milhão de euros.

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