Prémio Princesa das Astúrias para a actriz Núria Espert

Uma das mais destacadas figuras das artes de palco espanholas, Espert é uma veterana intérprete e encenadora de teatro, cinema e ópera.

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A actriz catalã é um conhecido rosto dos palcos espanhóis Academia das Artes Cénicas

O Prémio Princesa das Astúrias para as Artes é Núria Espert Romero, anunciou esta quarta-feira a fundação a partir de Oviedo. A encenadora e actriz catalã é um conhecido rosto dos palcos espanhóis, tendo fundado a sua própria companhia teatral em 1959 e estendido o seu trabalho ao cinema, à televisão mas também à interpretação e direcção na ópera. Foi a primeira mulher a ser Hamlet em Espanha, entre outros momentos altos da sua carreira. 

O júri da 36ª. edição deste galardão justifica a atribuição do prémio a Espert pelo facto de ser "uma das mais eminentes figuras" da sua profissão no mundo, indicam, que aos 80 anos foi escolhida de entre 40 candidatos (apresentados por instituições ou individualidades) de 21 nacionalidades - entre as quais a portuguesa. Espert "representa a recuperação e a continuidade da grande tradição do teatro espanhol, tanto em língua castelhana quanto em língua catalã, e projectou internacionalmente a literatura e a criação teatral hispânica, clássica e contemporânea" ao longo da sua carreira "rica" que a levou ao "triunfo" nos palcos de todo o mundo.

O seu teatro, acrescenta ainda o júri em acta, "caracteriza-se pela fidelidade aos ideais e aspirações do humanismo e tem estado sempre ao serviço da poesia e da essência da escrita dramática". Institucionalmente foi directora do Centro Dramático Nacional Espanhol, directora de programação do Teatro María Guerrero e dirigiu produções de Madama Butterfly, Rigoletto, La Traviata, Carmen ou Turandot. Foi condecorada em Itália, Espanha e França e amplamente premiada, nomeadamente com o galardão Laurence Olivier de melhor espectáculo em Londres no ano de 1986.

Núria Espert começou a trabalhar aos 12 anos e estava perto dos 20 anos quando foi Medeia com o Teatro de Cámara de Barcelona. Quatro anos depois fundaria a sua própria companhia homónima com o marido, Armando Moreno, que a dirigiu no cinema como protagonista do filme Maria Rosa (1965), um dos seus primeiros papéis em décadas de participação cinematográfica e televisiva. No teatro, lançou-se então na produção e ao longo dos anos levou à cena peças de Lope de Vega, Séneca, Eurípides, Sartre, Bertolt Brecht ou Shakespeare, além de uma memorável Yerma de Federico García Lorca, e As Criadas, de Genet, que no final da década de 1960 e no início da década de 1971 a fizeram ser visada pela censura do regime franquista com espectáculos e digressões suspensas. 

Yerma, assinala a Fundação Princesa das Astúrias, "tornar-se-ia na sua produção mais emblemática" que viajou pelo mundo - Londres, Paris, Nova Iorque, Buenos Aires, Rio de Janeiro, Tóquio ou Jerusalém, entre muitas outras cidades. "Fez Lorca como ninguém", escreve Juan Cruz no El Pais, "converteu Brecht numa metáfora da guerra [civil] espanhola" e, lê-se no El Mundo, dona de um "valor simbólico" maior em Espanha.

Lançado em 1981, com sede em Oviedo, o Prémio Princesa das Astúrias das Artes destina-se a distinguir aqueles "cujo trabalho no cinema, teatro, dança, música, fotografia, pintura, escultura, arquitectura e outras manifestações artísticas constitua um aporte relevante ao património cultural da humanidade". No ano passado o realizador Francis Ford Coppola foi o premiado e, no campo do teatro e do cinema galardoou já os realizadores Woody Allen, Michael Haneke, Luis Garcia Berlanga e Pedro Almodóvar, ou o actor Fernando Fernán-Gómez. Em 2014, o arquitecto norte-americano Frank O. Gehry foi o distinguido. 

O prémio consiste numa escultura de Joan Miró e 50 mil euros, entregues à galardoada no Outono, numa cerimónia sempre presidida pelos reis de Espanha. O júri deste ano foi constituído por Bárbara Allende Gil de Biedma, José Luis Cienfuegos Marcello, Marzio Conti, Carlos Fitz-James Stuart Martínez de Irujo, Josep María Flotats i Picas, Carmen Giménez Martín, Catalina Luca de Tena y García-Conde, José Lladó Fernández-Urrutia, Hans Meinke Paege, Elena Ochoa Foster, Alfredo Pérez de Armiñán y de la Serna, Sandra Rotondo Urcola, Benedetta Tagliabue, Patricia Urquiola Hidalgo, Carlos Urroz Arancibia, Miguel Zugaza Miranda e José Antonio Caicoya Cores.

 

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