Prémio Femina para a escritora haitiana Yanick Lahens e para a israelita Zeruya Shalev

Bain de lune , Ce qui reste de nos vies e o livro de memórias Et dans l'éternité je ne m'ennuierai pas: souvenirs são as obras premiadas.

Fotogaleria
Yanick Lahens REUTERS/Charles Platiau
Fotogaleria
Zeruya Shalev REUTERS/Charles Platiau
Fotogaleria
Paul Veyne REUTERS/Charles Platiau

O Prémio Femina, um dos principais prémios literários franceses, foi esta segunda-feira atribuído à escritora haitiana Yanick Lahens pela obra Bain de lune, um romance de “uma beleza violenta" sobre o seu país, atravessado pela destruição, pelo oportunismo político e por famílias desfeitas,segundo a agência de notícias AFP.

O júri considerou que este romance “nos faz sair do nosso horizonte habitual”, disse Christine Jordis, a porta-voz do júri do prémio Femina. "Bain de lune é um belo romance, tem um sentido de mistério e do que é invisível", disse Jordis, adiantando que a autora evoca nele "antepassados desaparecidos, com uma influência muito forte nos que estão vivos”.

“O reconhecimento faz-nos sentir bem e fiquei muito sensibilizada por o júri do prémio Femina ter compreendido que esta história, que se passa no Haiti, é universal",  disse à AFP a escritora, que nasceu em Port-au-Prince, em 1953, e considera o prémio como o reconhecimento da literatura francófona no Haiti. "Este livro e este prémio são a prova de que a cultura haitiana é muito forte e este romance mostra até que ponto no Haiti sabemos ultrapassar as dificuldades", acrescentou.

Bain de lune conta a história de um pescador que depois de uma tempestade encontra uma rapariga que parece ter sido agredida. A voz da náufraga, que chama os deuses de vodu e os seus antepassados, marca esta saga familiar que convoca três gerações para tentar elucidar o duplo mistério da sua agressão e da sua identidade.

Por sua vez, o Prémio Femina estrangeiro, que distingue um romance escrito originalmente numa outra língua que não a francesa mas que esteja traduzido em França, foi atribuído à israelita Zeruya Shalev pelo romance Ce qui reste de nos vies. Uma obra sobre a família e as relações entre pais e filhos. O romance conta a história de Hemda Horowich, uma mãe que no final da vida recorda a sua infância com um pai demasiado exigente, um casamento sem amor e a dificuldade de amar equitativamente os seus dois filhos, Avner e Dina.

A autora, que há dez anos sobreviveu a um atentado suicida no seu país e que durante a recuperação imaginou este romance de uma mulher à beira da morte, disse à AFP estar muito feliz por ser a primeira mulher israelita a receber o prémio.  Acrescentou que gostava de poder partilhar este momento com o seu pai que morreu há duas semanas. “Este é o meu livro mais optimista, acho também que é o mais romântico. As minhas personagens neste livro procuram todas o amor, e acreditam nele, bem mais do que as minhas personagens anteriores”, acrescenta a autora, que se recusa a transformar a literatura em manifesto político. Diz que prefere escrever livros “que examinam a alma humana, universal, que abordam muitas vezes a guerra dos sexos, mas não a guerra dos povos”.

Por fim, o prémio Femina do Ensaio foi atribuído a Et dans l'éternité je ne m'ennuierai pas: souvenirs as memórias do historiador francês especialista na Roma Antiga, Paul Veyne, de 84 anos.  

 

 


Sugerir correcção
Comentar