Portugal é como “uma sala sem oxigénio para respirar”, diz Souto de Moura

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Para o arquitecto, o mais impressionante da manifestação “foi o carácter apartidário” Raquel Esperança/Arquivo

O arquitecto Eduardo Souto de Moura considerou hoje, em Cascais, que a situação dos portugueses está a tornar-se “insustentável”, e comparou o país a “uma sala onde não há oxigénio para respirar”.

O arquitecto, Prémio Pritzker 2011, falava à agência Lusa à margem da apresentação de uma série de canetas desenhadas a convite da empresa Argentália, que criou peças especiais para assinalar a distinção dada ao fado como património da Humanidade.

Sobre a manifestação “Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas”, ocorrida no sábado, organizada através das redes sociais da Internet, que envolveu centenas de milhares de pessoas em cidades de todo o país, Souto de Moura disse ter ficado “impressionado” e “surpreendido”. “Não contava ver tanta gente na rua. Eu estava em Bordéus, de regresso a Portugal, e reparei que jornais de todo o mundo mostraram aquelas imagens”, recordou.

Para o arquitecto - que já venceu por três vezes o Prémio Secil de Arquitectura pelo projecto Casa das Artes do Porto (1992), pelo Estádio Municipal de Braga (2004) e pela Casa das Histórias Paula Rego (2011) - o mais impressionante da manifestação “foi o carácter apartidário”. “Foi uma manifestação dos portugueses com grande espontaneidade, para mostrar ao Governo que, a continuar neste caminho, a situação fica insustentável”, avaliou.

Eduardo Souto de Moura acrescentou ainda que “o mais preocupante é o autismo”: “Toda a situação é muito grave, de tal maneira que despoletou uma crise no Governo, mas parece que não percebem”.

Além de Lisboa, os protestos decorreram nas cidades do Porto, Évora, Aveiro, Viana do Castelo, Viseu, Portimão, Setúbal, Vila Real, Braga, Ponta Delgada, Funchal, entre outras, e houve também manifestações em Berlim, Paris e Londres.

Marcada ainda no mês de agosto, a manifestação ganhou peso após as medidas de austeridade anunciadas na semana passada pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.

Notícia corrigida às 11h48 de 18/09/2012. Altera Prémio Secil recebido por Souto de Moura em 1992, Casa das Artes do Porto e não Biblioteca Municipal
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