Periferias: um festival de teatro a desafiar a condição geográfica

Este ano, na sua quarta edição, a decorrer de 3 a 15 de Março

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Que Deus lhe Dê em Dobro, pela companhia brasileira Grupo Dragão 7

O nome não engana. Aquilo a que o Periferias – Festival Internacional de Artes Performativas em Sintra se propõe é contrariar a tendência de olhar sempre na mesma direcção à procura de novidades e assim dar o protagonismo a dramaturgias menos visitadas.

Desde a sua primeira edição, em 2012, o festival montado pelo Chão de Oliva oferece o palco a companhias portuguesas e estrangeiras (com foco natural nos países lusófonos) que ali possam mostrar as suas produções, ao mesmo tempo que se juntam para reclamar a atenção que muitas vezes é negada a quem trabalha fora dos grandes centros. O Periferias é, por isso, um festival de valorização daqueles que investem nas artes performativas contra as assimetrias geográficas e culturais, ajudando ainda a desenhar um circuito alternativo para estas produções e auxiliando no parto de colaborações futuras entre os vários participantes.

Este ano, na sua quarta edição, a decorrer de 3 a 15 de Março e com quartel-general montado na Casa de Teatro de Sintra, o Periferias acolhe, precisamente, duas co-produções entre a companhia residente e dois agrupamentos africanos – o moçambicano Lareira Artes e o são-tomense Cacau. Cabe a Nova Aragem, no dia 4, a inauguração do palco do festival (que abre na véspera com uma exposição de trajes do teatro tradicional Tichiloli, de São Tomé e Príncipe, no antigo Museu do Brinquedo), através de um texto de Sérgio Mabombo, interpretado por actores do Lareira Artes e encenado por João de Mello Alvim, do Chão de Oliva, peça de alcance político partilhada por um casal que discute os recursos naturais do país. O mesmo Sérgio Mabombo é igualmente autor de Que Deus lhe Dê em Dobro, texto da sua autoria adaptado e levado a palco pela companhia brasileira Grupo Dragão 7, transpondo um cenário de miséria e mendigagem de Maputo para São Paulo, no dia 5. Em Cinco Funerais de Pessoa, no dia 8, o Periferias terá o seu grande exemplo da aproximação de diferentes tradições teatrais numa co-produção entre Lendias d’Encantar (Portugal), Teatro D’Dos (Cuba) e Teatro Tierra (Colômbia).

Pelo festival passarão também as portuguesas ASTA (Covilhã), Marionetas da Feira (Santa Maria da Feira), Escola da Noite (Coimbra), Alma d’Arame (Montemor-o-Novo), Teatro Art’Imagem (Porto), SA Marionetas (Alcobaça) e Inestética Companhia Teatral (Vila Franca de Xira). O encerramento, no dia 15, caberá ao Teatro Estúdio Fontenova com o segundo capítulo de uma trilogia dedicada ao poeta norte-americano Walt Whitman. A 3 e 10, vários dos participantes juntam-se ainda nas Conversas Periféricas, debates sem grande guião e assentes numa informalidade pós-jantar.

 

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