Sara Mingardo e outras estrelas no Palácio de Queluz

A contralto Sara Mingardo, os pianistas Arthur Schoonderwoerd, Patrick Cohen e Artur Pizarro, o Quarteto Mosaïques e o violoncelista Christophe Coin são alguns dos convidados do ciclo Tempestade e Galanterie que decorre entre 3 e 31 de Outubro.

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Sara Mingardo

O ciclo Noites de Queluz – Tempestade e Galanterie, que se inicia no sábado às 21h30 com Massimo Spadano (violino) e Luca Guglielmi (pianoforte), apresenta um programa aliciante, no qual se destaca a figura de Luigi Boccherini (1743-1805) e a música europeia composta durante a segunda metade do século XVIII, época áurea do Palácio Nacional de Queluz, coincidente com o reinado de D. Maria I.

Organizado pelo Divino Sospiro - Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal (DS-CEMSP) e pela Parques de Sintra, tendo como director artístico Massimo Mazzeo, o ciclo inclui oito concertos até dia 31 de Outubro, interpretados na sua maioria por músicos de primeiro nível especializados nos repertórios setecentistas e nas práticas de execução históricas, entre os quais se destacam a contralto Sara Mingardo, os pianistas Arthur Schoonderwoerd e Patrick Cohen, o Quarteto Mosaïques e o violoncelista Christophe Coin.

Com uma destacada carreira de solista no piano moderno, Artur Pizarro será a excepção a essa tendência, mas também ele fará uma incursão nos instrumentos históricos, tocando a quatro mãos com Rinaldo Zhok no pianoforte Clementi do Palácio de Queluz obras de Beethoven, Clementi, Mozart e Neefe (dia 30) e apresentando-se ao cravo, novamente com Rinaldo Zhok (pianoforte) e com a orquestra Divino Sospiro, na interpretação do Concerto W. 47 (H. 479), de Carl Philipp Emanuel Bach (dia 31).

Intitulado Boccherini e Mozart em Paris, o concerto deste sábado terá lugar na Sala da Música e dará a ouvir o violino barroco de Massimo Spadano e o pianoforte Clementi do Palácio de Queluz, tocado por Luca Guglielmi. O programa inclui quatro Sonatas do op. 5 de Luigi Boccherini (editadas em Paris em 1769) e as Sonatas KV 301 e KV 304 de Mozart, ambas de 1778, ano em que o compositor de Salzburgo viajou para a capital francesa na companhia da mãe. Depois de ter actuado como violoncelista e compositor na sua cidade natal (Lucca), em Viena, Pavia e Cremona e antes de aceitar um posto na corte de Madrid, Luigi Boccherini instalou-se em Paris em 1767 e 1768, tendo tocado no Concert Spirituel com o violinista Filippo Manfredini e publicado várias obras, entre as quais Sonatas op. 5.

A música de Boccherini estará também em evidência nos concertos no fim-de-semana de 23 a 25 de Outubro, com o belíssimo Stabat Mater para soprano e quinteto de cordas (versão de 1781), interpretado por María Hinojosa Montenegro e pelo Quarteto Mosaïques, ao qual se junta o contrabaixista David Sinclair, e nos programas Música Íntima Segundo Boccherini e Haydn e Tocando com os Reis da Prússia, a cargo do Quarteto Mosaïques e dos instrumentistas Patrick Cohen (pianoforte), Maria Tecla Andreotti (flauta) e Christophe Coin (violoncelo).

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O concerto de hoje terá lugar na Sala da Música e dará a ouvir o violino barroco de Massimo Spadano e o pianoforte Clementi do Palácio de Queluz, tocado por Luca Guglielmi Carlos Pombo

Com a contralto Sara Mingardo, cuja voz inconfundível e notável carreira no âmbito do repertório barroco é bem conhecida dos melómanos portugueses, o programa das Noites em Queluz recua um século, propondo a 9 de Outubro um Serão de Canções no Seiscento. Com a cumplicidade de Ivano Zanenghi no alaúde e Giorgio Dal Monte no cravo será possível escutar algumas das mais refinadas peças vocais do repertório italiano do século XVII, escritas por compositores tão talentosos como  Andrea Falconieri, Monteverdi, Piccinini, Carissimi, Frescobaldi e Barbara Strozzi.

Uma outra proposta a ter em atenção é o recital do pianista holandês Arthur Schoonderwoerd, destacado intérprete de pianoforte e detentor de uma apreciável discografia na prestigiada etiqueta Alpha. Sob o título Beethoven: Beleza à Beira do Abismo irá abordar no dia 17 quatro importantes obras da primeira fase da produção pianística do compositor alemão, criadas entre 1798 e 1802, ou seja, na época em que o pianoforte se impõe definitivamente face ao cravo. Serão interpretadas as Sonatas op. 26 nº 12 (Marcha Fúnebre), op. 13 nº 8 (Patética) e op. 31 nº 2 (A Tempestade), assim como as Variações op. 34 em Fá Maior.

 

 

 

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