Paula Varanda promete proximidade e diálogo com o sector das artes

Nova directora-geral das Artes vem da dança, e a subdirectora é a jurista Ana Senha, que transita da EGEAC.

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Paula Varanda Rui Silveira

A especialista em dança Paula Varanda foi esta terça-feira anunciada como nova directora-geral das Artes, substituindo no cargo Carlos Moura-Carvalho. A subdirectora será a jurista Ana Senha, que transita da EGEAC para ocupar o lugar deixado vago, no passado mês de Abril, por Joana Fins Faria.<_o3a_p>

Em comunicado, o Ministério da Cultura (MC) justificou as escolhas com o objectivo de “criar um núcleo dirigente coeso e complementar no que respeita a aptidões e funções”, e recorda que “a Direcção-Geral das Artes é um eixo estratégico para a concretização das políticas culturais” do Governo.<_o3a_p>

É essa a “missão” que Paula Varanda se propõe assumir, numa área que diz também ser “fundamental para todas as áreas artísticas independentes”, adiantando que irá fazê-lo, naturalmente, “em diálogo com o sector” e “em harmonia com as orientações políticas” governamentais.<_o3a_p>

Confessando ao PÚBLICO ter ficado “surpreendida, mas muito honrada”, com o convite que lhe foi endereçado pelo secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, a nova directora-geral das Artes diz que é muito cedo ainda para avançar com qualquer linha programática. “Espero poder trabalhar no sentido de uma maior proximidade com o sector, e ao mesmo tempo tentar encontrar formas de aumentar um orçamento que, como sabemos, é parco”, diz Paula Varanda, salientando o facto de ir fazer equipa com a jurista Ana Senha, que tem vindo a trabalhar também no terreno das artes.<_o3a_p>

A nova equipa vai tomar posse esta quarta-feira, e a nova directora-geral teve já hoje “um encontro muito cordial” de passagem da pasta com o seu antecessor, Carlos Moura-Carvalho.<_o3a_p>

Paula Varanda, de 46 anos, é doutorada em Humanidades e Estudos Artísticos pela Middlesex University (2015), em Londres, onde fez também um mestrado em Coreografia e Artes Performativas (2003), após um bacharelato na Escola Superior de Dança, em Lisboa (1994). Foi professora nesta instituição, na Faculdade de Motricidade Humana e no Fórum Dança, entre outros estabelecimentos de ensino da capital.<_o3a_p>

Ao longo dos últimos anos, e em paralelo com a colaboração regular com o PÚBLICO como crítica de dança, Paula Varanda publicou diversos artigos sobre esta e outras disciplinas das artes contemporâneas, além de ter escrito e coordenado projectos editoriais nas mesmas áreas. Esteve também ligada à produção, gestão e coordenação de projectos artísticos nacionais e internacionais, como o Danças na Cidade e depois Alkantara Festival, em Lisboa. Em 2008, criou no Alentejo o projecto comunitário Dansul.<_o3a_p>

Ana Senha, de 40 anos, é licenciada em Direito pela Universidade de Lisboa (1998), com especialização em Direito Administrativo pela Universidade Católica (2003) e em Direito dos Contratos Públicos pela Universidade de Lisboa (2007).<_o3a_p>

Trabalhou no gabinete jurídico do ICEP - Investimento, Comércio e Turismo de Portugal, e, entre 2003 e o corrente ano, foi assessora e coordenadora do Gabinete Jurídico da EGEAC - Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, da Câmara Municipal de Lisboa.

<_o3a_p>No terreno

Nas reacções recolhidas pelo PÚBLICO ao anúncio da nova equipa da DGArtes, o denominador comum esteve – mesmo por parte de artistas que não conhecem o perfil de Paula Varanda – no elogio à escolha de “alguém que vem do terreno”. É essa a opinião de Paulo Ribeiro, por exemplo. “É uma escolha óptima; é muito importante ser alguém que conhece o meio e que, por essa razão, pode ter o seu trabalho facilitado indo directamente ao essencial”, diz o coreógrafo e director artístico do Teatro Viriato, em Viseu.<_o3a_p>

O artista plástico Pedro Barateiro vê ainda como “muito positivo” ter sido escolhida uma figura da dança, “uma área que tem sido tratada com pouca atenção, e à qual pode vir agora a ser feita justiça”. E realça igualmente o facto de serem duas mulheres “a gerir um organismo que maioritariamente tem tido homens à sua frente”.<_o3a_p>

A questão do orçamento é também referida como a maior preocupação num sector que – nota o encenador Gonçalo Amorim, director artístico do FITEI, cuja 39.ª edição está actualmente a decorrer no Porto – se encontra sub-orçamentado. “Muitas companhias e artistas estão já debaixo da linha de água; é preciso que haja uma revisão completa dos financiamentos”, diz Amorim, manifestando “a maior confiança nesta equipa”, mas consciente de que o seu desempenho irá depender muito dos meios que lhe forem colocados ao dispor.<_o3a_p>

Diálogo e estabilidade são outras exigências referidas pelos artistas para o novo ciclo que se abre com as presentes nomeações da SEC. “A DGArtes é essencialmente um organismo de mediação, e o diálogo, que é algo que se perdeu, é aqui essencial”, nota Paulo Ribeiro.<_o3a_p>

No comunicado em que anuncia os novos responsáveis pela DGArtes, o MC diz considerar “prioritária a criação de condições de estabilidade” para que este organismo “cumpra os seus objectivos e se assuma enquanto plataforma de diálogo e de proximidade com os agentes culturais”. E acrescenta que, para além da “importante missão no financiamento a projectos artísticos”, espera que esta direcção-geral “retome o seu papel de parceiro privilegiado na dinamização e qualificação do sector, através de uma estratégia sólida e dialogante que garanta estabilidade e crescimento”.<_o3a_p>

De acordo com a legislação, após estas nomeações feitas em regime de substituição, o MC terá de lançar um concurso público na CReSAP, para preenchimento do cargo, nos próximos três meses. Paula Varanda manifestou já a sua disposição de se candidatar.

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Notícia actualizada às 18h38, com reacções de figuras das artes às nomeações.

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