Paul Simon pronto para pousar a guitarra?

Músico e compositor americano, actualmente em digressão com o seu novo disco Stranger to Stranger, admite terminar a carreira. Ou talvez ainda não?

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Paul Simon numa actuação em Nova Iorque, em 2012 Carlo Allegri/REUTERS

A decisão parece não ser ainda definitiva, mas Paul Simon admite pousar a guitarra, e terminar a carreira. A notícia foi avançada pelo The New York Times, que entrevistou o autor de The Sounds of Silence num intervalo da digressão norte-americana com que o músico e compositor de 74 anos – e mais de 60 de carreira – vem apresentando o seu disco mais recente, Stranger to Stranger.

“O negócio do espectáculo não tem nenhum interesse para mim”, diz Paul Simon ao diário nova-iorquino. E avança mesmo que a sua decisão de pôr termo à carreira será “um acto de coragem”. “Vamos ver o que vai acontecer”, acrescenta, admitindo que essa perspectiva de abandonar a guitarra não está ainda suficientemente amadurecida na sua cabeça.

No imediato, estas quinta e sexta-feiras, Paul Simon conclui a digressão americana regressando ao bairro da sua infância, Queens, para dois concertos no Forest Hills Stadium. É o sítio onde cresceu e frequentou a escola, e também onde, ainda adolescente, encontrou Art Garfunkel, o músico e compositor com quem, na segunda metade da década de 60 e até ao aclamado álbum Bridge Over Troubled Water (1970), fez um duo que deixou um rasto luminoso na folk americana.

Depois, e após uma separação algo atribulada, cada um deles seguiu o seu caminho – mas foram-se reencontrando episodicamente em actuações ao vivo, a mais famosa das quais aconteceu em 1981, num mega concerto no Central Park de Nova Iorque, assistido por meio milhão de pessoas.

O caminho de Paul fez-se em 13 novos álbuns a solo, o último dos quais, Stranger to Stranger, lançado no início de Junho, chegou a atingir a primeira posição no top de vendas da revista Billboard – e estará na corrida para os Grammys, que o autor já conquistou por três vezes, na categoria de melhor álbum do ano.

E é com este mesmo Stranger to Stranger, e previsivelmente também com algumas outras canções da sua vida (e das nossas), como Mrs. Robinson, Graceland, ou Still crazy after all these years, que Paul Simon voltará a atravessar o Atlântico no próximo Outono, para realizar uma nova – a última? – digressão europeia, que começará a 17 de Outubro, em Praga, e terminará a 21 de Novembro, em Dublin – desta vez, deixando Portugal e Espanha de fora.

A confirmar-se, o abandono será mesmo “um acto de coragem”, como o próprio Paul Simon apresenta a sua decisão? “Vou ver o que acontece se desistir da música. Depois, vou tentar perceber quem sou. Serei apenas esta pessoa que se definia por aquilo que fazia? E, quando isso deixa de existir, será que tens de te reinventar? Quem és tu?”, confidenciou ao The New York Times.

Palavras e dúvidas que parecem deixar tudo em aberto. Apesar da idade, do cansaço e do desencanto declarados, talvez tenhamos Paul Simon de regresso, em estúdio ou em palco, mesmo depois da próxima digressão europeia.

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