Passadiço de Christo com horário reduzido devido a sobrelotação

A obra The Floating Piers, de Christo, foi visitada por 270 mil pessoas nos primeiros cinco dias.

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Meio milhão já caminhou sobre a água nos passadiços de Christo

O “milagre” de Christo, um conjunto de passadiços de três quilómetros que permite aos visitantes caminharem sobre a água do Lago Iseo e liga a cidade de Sulzano às ilhas de Monte Isola e San Paolo (Itália), vai ter de encerrar ao público durante a noite. A obra, que inicialmente se pretendia aberta 24 horas por dia, vê agora o seu horário encurtado devido a uma enchente de visitantes que atingiu o pico na passada segunda-feira, com 70 mil pessoas. Além da sobrelotação, também a desidratação e o desgaste dos materiais da instalação motivaram a redução do horário, de acordo com o jornal britânico The Independent.

Inaugurada a 18 de Junho, a obra The Floating Piers foi construída sobre uma base de 220 mil cubos flutuantes, assentes a 35 centímetros de profundidade e cobertos por 90 metros de nylon amarelo. A inesperada procura levou, no entanto, a que a instalação fechasse às 22h, voltando a abrir às 6h30. “O mayor de Monte Isola pediu que a obra de arte fosse encerrada de noite, para que pudessem ser feitos esforços de manutenção na ilha”, escreveu a organização no Instagram.

Christo disse, aquando da abertura da instalação, que esta faria o público sentir-se “como se estivesse a caminhar sobre a água ou sobre o dorso de uma baleia” e definiu-a, no seu site, como “uma extensão da rua, que pertence a toda a gente, sem bilhetes, reservas ou proprietários”. Segundo a AFP, o número de visitantes tem excedido largamente as expectativas da organização (500 mil visitantes em 16 dias): acolheu 270 mil pessoas só nos primeiros cinco.

The Floating Piers pode suportar até 20 mil pessoas em simultâneo. Mas requer boas condições meteorológicas e medidas de segurança para a travessia, que exigiram um financiamento de aproximadamente 15 milhões de euros, assegurados por Christo. O caos da grande procura, que deixou na semana passada três mil turistas presos numa estação de comboios da cidade vizinha de Brescia, está a ser questionado pela Codacons, a organização italiana de defesa do consumidor e do ambiente. Em causa estará uma queixa contra a região da Lombardia devido aos custos da inesperada popularidade da instalação, relacionados com a evacuação de turistas, a limpeza após as visitas e a segurança. "Queremos saber que dinheiro dos contribuintes foi gasto num projecto que, até agora, tem gerado imensa publicidade para o artista mas nenhum benefício directo para as entidades e os cidadãos locais”, diz a organização em comunicado.

O projecto foi idealizado em 1970 por Christo e pela sua mulher e parceira artística Jeanne-Claude, mas demorou mais de 40 anos a ser concretizado devido à sua natureza complexa e à necessidade de planeamento. A instalação pode ser visitada até 3 de Julho. 

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