Passa a outro e não ao mesmo

Vai Seguir-te é o mais inteligente filme de terror em muito tempo, mesmo que abstracto em demasia

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Vai Seguir-te: implacável DR

Desde o início (muito Carpenteriano) que se percebe que a segunda fita de David Robert Mitchell, pequena sensação junto dos mais atentos ao cinema de género, tem a cabeça – e as influências – no sítio certo.

História de uma maldição transmitida sexualmente e que só a “passagem” continuada de uns para outros parece sacudir, Vai Seguir-te é uma espécie de “míssil aerodinâmico” implacável, apontado certeiramente aos centros da criação do desconforto e do suspense, exercício de síntese reduzido ao essencial. Para além da lição de Carpenter no modo como aplicar o classicismo de maneira desembaraçada, Mitchell evoca também a geometria claustrofóbica e abstracta de Kubrick (Shining é outra referência óbvia) e a subúrbia de Spielberg. O resultado é impressionante de inteligência e savoir-faire, mesmo que demasiado clínico e meticuloso em demasia, mas nem essa precisão quase gélida o impede de ser dos melhores e mais interessantes filmes de género dos últimos tempos.

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