Os Depardieu contam a História do Soldado

A obra de Stravinski reeditada na versão contada pelos Depardieu, pai e filho, assinala o centenário da Grande Guerra

Foto
Gérard e Guillaume Depardieu têm um desempenho notável na narração de Histoire du Soldat John MacDougall/AFP
A História do soldado

, de Igor Stravinski (1882-1971), é uma peça única dentro do repertório e assume grande importância na história da música. Trata-se de uma narrativa com base num texto de Charles-Ferdinand Ramuz que apresenta um narrador e duas personagens, o diabo e o soldado (mais um bailarino em palco). O clarinete e fagote, trompete e trombone, violino e contrabaixo e a percussão constituem uma orquestra em miniatura formada pelos graves e agudos de cada família de instrumentos. A atribuição de ritmos precisos a certas secções do texto falado e as mudanças de ritmo constantes em danças que se caracterizam por métricas regulares, como no caso da marcha, do pasodoble, do tango ou da valsa, representam grandes inovações. 

A história é inspirada em contos populares russos segundo uma recolha de Afanasiev. Um soldado regressa a casa numa breve licença. Para na margem de um riacho para tocar o violino e é interrompido por um velho. É o diabo disfarçado que lhe compra o violino em troca de um livro mágico que desvenda o futuro. Convence-o a ir para casa com ele por três dias mas os três dias são três anos. Quando o soldado regressa à aldeia a sua noiva está casada e todos o tomam por um fantasma. Escrita em 1918, a História do Soldado está na ordem do dia devido às celebrações do centenário da Primeira Grande Guerra.

A versão actual é uma reedição de uma gravação de 1996 que tem nos seus actores, Carole Bouquet, Gérard Depardieu e o seu filho, já falecido, Guillaume Depardieu, um desempenho notável e uma dicção extremamente clara. Musicalmente transmite uma ligeira frieza e distanciamento que muito se adequa ao carácter da música e à ironia do texto, permanecendo uma referência no mercado.

Sugerir correcção
Comentar