Os cavaquinhos entraram no Guiness e já foram aceites na universidade

A Associação Museu Cavaquinho soma pontos com a ajuda inestimável de instituições e amigos: à exposição junta-se um disco, um recorde já aceite pelo Guiness e criações curriculares na Universidade de Aveiro.

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Matilde Real, jovem tocadora de cavaquinho, fotografada por Júlio Pereira para o site da associação ASS. MUSEU CAVAQUINHO
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Manuel Assunção, reitor da Universidade de Aveiro, com Júlio Pereira DR
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Capa de O Cavaquinho do Amadeu, primeiro disco lançado pela associação DR

Quando foi feito o apelo, pensavam juntar 250 tocadores, o mínimo estabelecido pelo Guinness World Records, e deviam tocar durante pelo menos 5 minutos. Mas acabou por ser o dobro, mais um: 501 tocadores reunidos em Cernache, Coimbra, ao apelo do Colégio da Imaculada Conceição (CAIC). Compareceram várias gerações, juniores e seniores, e o resultado foi surpreendente.

Isto foi a 6 de Junho e entretanto já chegou o certificado: foram aceites no Livro dos Recordes. Júlio Pereira, músico, compositor e presidente da Associação Cultural e Museu Cavaquinho, esteve lá e também ficou muito satisfeito como resultado. “Havia uma quantidade incrível de malta nova, muito acima dos mais velhos. E daqueles cavaquinhos todos a tocar em simultâneo não saiu ruído mas um som do mais doce que se possa imaginar. Foi mágico!” E bateram um recorde mundial.

Mas, mais do que isso, estas iniciativas têm servido de veículo à popularização da imagem e da prática do cavaquinho. Enquanto prossegue a inventariação dos construtores de cavaquinho no património imaterial português, resultante de um protocolo assinado entre a Associação Cultural e Museu Cavaquinho e a Direcção-Geral do Património Cultural, a exposição 70 Cavaquinhos 70 Artistas continua a sua ronda itinerante pelo país. Acabada de sair de Viana do Castelo, muda-se agora para Guimarães, onde estará de 1 a 16 de Agosto e daí há-de seguir para Barcelos, Funchal e, mais tarde, Porto e Aveiro. Pelo meio, em Novembro, será apresentada em Montreux, Suíça.

Ao mesmo tempo, chega esta semana às Fnac o primeiro disco lançado pela associação. Chama-se O Cavaquinho do Amadeu e inaugura uma colecção que há-de ter vários nomes, sempre em torno deste instrumento. “Há cada vez mais jovens a tocar de maneira diferente, e isso é muito interessante”, diz Júlio Pereira. A escolha de Amadeu surgiu de entre vários convites, e percebe-se. Nascido em Dornelas, Boticas, é director musical do grupo Realejo, integrou o Ars Musicae, grupo de música medieval e renascentista e é professor de instrumentos tradicionais no GEFAC de Coimbra e também, desde 1994, na secção de Fado da Associação Académica de Coimbra. “Era, dos convidados, o que estava há mais tempo ligado ao cavaquinho”, diz Júlio Pereira.

Vídeos e um documentário
Mas o projecto que agora surge com maior realce é o que está associado à Universidade de Aveiro, cujo reitor, Manuel Assunção, assinou com Júlio Pereira um protocolo que já deu, este ano, frutos concretos. “Os tempos estão difíceis para a cultura, porque o dinheiro é escasso e geralmente tudo o que não é para hoje fica para uma segunda oportunidade”, diz-nos o reitor, e essa é, no seu entender, mais uma razão para olhar para as coisas da cultura com redobrada atenção. Ele, que por inerência do cargo é também presidente da orquestra Filarmonia das Beiras, olha para a actividade ali desenvolvida em torno da música como algo muito importante para a Universidade de Aveiro. “A nossa área da música é uma das áreas com maior crescimento, em quantidade mas especialmente em qualidade, e está a atrair muitos estrangeiros, em particular do Brasil e da China. Temos várias colecções: o José Duarte [figura histórica na divulgação e crítica de jazz] doou-nos todo o acervo dele, permitindo criar o Centro de Estudos de Jazz. O José Moças doou-nos uma colecção inestimável de discos dos primórdios do fado…”

Quanto ao cavaquinho, diz: “Houve uma empatia fácil entre mim e o Júlio Pereira, e estas coisas contam. Mas mais do que o protocolo-chapéu, desenhámos coisas concretas, mobilizando a Universidade. Uma, que permite desenhar uma aplicação para telemóveis para divulgação do cavaquinho no mundo, explorando a galeria de fotos da associação, organizar a colecção de cada um, etc. E quatro actividades em contexto curricular, que é o mais importante e que muitas vezes falta nos museus: envolvimento de alunos da licenciatura em design em ilustrações para os cavaquinhos, um pouco na lógica dessa exposição que anda a circular pelo país; actividades no mestrado em design, quer do ponto de vista das estratégias expositivas quer de narrativas museográficas; na licenciatura Novas Tecnologias de Comunicação, na disciplina Imagem Digital Dinâmica, foram feitos vários vídeos na lógica de infografias sobre o cavaquinho e a sua anatomia (os melhores serão passados à associação); e no mestrado em comunicação multimédia, na área de projecto, um aluno fará, no próximo ano lectivo, um documentário sobre o universo do cavaquinho.”

Vitoriosos no Guiness e aceites na Universidade, que mais esperará agora os cavaquinhos?

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