Oliveira Martins defende afectação de impostos à defesa do património

Presidente do Centro Nacional de Cultura e do Tribunal de Contas defende que o mecenato cultural deve ser mais atractivo.

Foto
Guilherme d'Oliveira Martins Nuno Ferreira Santos

O presidente do Tribunal de Contas, Guilherme d'Oliveira Martins, defendeu esta quinta-feira a afectação de recursos financeiros à defesa do património cultural, bem como a transformação do mecenato cultural em algo mais atractivo.

"Precisamos, além do mais, de afectar obrigatoriamente uma parte dos nossos impostos à defesa do património cultural em articulação com a educação, a ciência e a cultura de modo responsável, rigoroso, com sobriedade, avaliação e prestação de contas", disse o também presidente do Centro Nacional de Cultura durante a conferência de abertura do 16.º Correntes d'Escritas, no Cineteatro Garrett, na Póvoa de Varzim.

O antigo ministro da Educação, num discurso intitulado "Quem tem medo da Cultura?", sublinhou a importância de "tornar o mecenato cultural mais atractivo e aliciante em nome de um maior compromisso social de todos com a noção de serviço público".

"Tem de haver audácia para garantir que cuidemos da memória protegendo-a, valorizando-a. Protegendo-a sim da especulação, da corrupção e do novo-riquismo. Para responder à crise precisamos de um destino marcado pela qualidade, pela exigência, pela determinação e pela escolha das prioridades partilhadas e justas", referiu Oliveira Martins perante uma sala cheia.

Durante a sua intervenção em que realçou várias vezes o valor da língua portuguesa, o presidente do Tribunal de Contas alertou que "a ameaça à cultura vem da facilidade, do autocomprazimento e da mediocridade". Ou seja, "a pobreza vocabular, a confusão nos argumentos, a desordem na exposição, a indigência das ideias, tudo isso tem a ver com desatenção e indiferença que atingem as humanidades e a literatura".

"Quem tem medo da cultura é quem baixa os braços perante a força avassaladora do imediato, da simplificação ou da indiferença", frisou Oliveira Martins, antes de concluir com uma resposta "provisória, frágil": "medo da cultura é afinal é ter medo da liberdade e da democracia".

Sugerir correcção
Comentar