Oh Mag!, criámos uma revista sobre o Instagram!

@danielamelooliveira, @inescmarcelo e @tsilvaribeiro, criaram uma revista dedicada à fotografia que se publica no Instagram. O número zero está disponível para encomenda online

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Daniela Melo Oliveira, Tiago Ribeiro e Inês Marcelo, os criadores da revista Diogo Baptista
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Oh Mag!, imagem de @_wanda_teixeira <i>Oh Mag!</i> @wanda_teixeira
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Oh Mag!, Imagem de @martalisboa <i>Oh Mag!</i> @martalisboa
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Oh Mag!, iamgem de @world_of_patricia <i>Oh Mag!</i> @world_of_patricia
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Oh Mag!, imagem de @queen_lola <i>Oh Mag!</i> @queen_lola
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Oh Mag!, imagem de @mariana_msr <i>Oh Mag!</i> @mariana_msr
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Oh Mag!, imagem de @teresacfreitas <i>Oh Mag!</i> @teresacfreitas
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Oh Mag!, imagem de @pedrosamcastro <i>Oh Mag!</i> @pedrosamcastro
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Oh Mag!, imagem de @anitados7oficios <i>Oh Mag!</i> @anitados7oficios

O recado está dado na última página, depois de atravessarmos planos e planos de fotografias impressas num papel a cheirar ainda a fresco. Se quiserem captar a atenção deles, usem a tag #Oh_mag quando publicarem as vossas fotos no Instagram, porque Tiago Ribeiro e Daniela Melo Oliveira, criativo publicitário e farmacêutica, e a fotógrafa Inês Marcelo acabam de lançar o volume zero de uma revista bilingue que pretende partilhar com o mundo, offline e a cores, a criatividade "inspiradora" dos instagramers portugueses.

As imagens publicadas no Instagram já andam nas galerias de arte e, comercialmente, saltaram para mil e um suportes. Desde as óbvias t-shirts, a molduras em cortiça, ou aos magnetos para prender listas de compras aos frigoríficos, são várias as tentativas conhecidas para dar uma segunda vida às fotografias que, na maior parte dos casos, nasceram para serem partilhadas e comentadas num smartphone. Mas, em Portugal, faltava, considera este trio, uma publicação em papel, cujas escolhas reflectissem a criatividade que ali existe, e que pudesse “dar credibilidade artística” a muito do que se partilha naquela rede social comprada pelo Facebook em 2012.

Quem agora assim fala é Tiago Ribeiro, que antes de se tornar @tsilvaribeiro, online, costumava gozar com o esforço de Daniela, @danielamelooliveira, com quem vive, em Famalicão. Ela que, depois de oito horas a vender medicamentos a gente mais ou menos doente, entrava no seu mundo e se esforçava por criar cenários para as suas fotografias no Instagram. Mas isso foi antes de ele se embrenhar também nesta rede social, e de ela conhecer, num encontro de instagramers em Lisboa, @inescmarcelo. Foi delas o impulso para este projecto. Ele foi acompanhando, de lado, e quando se juntou para trabalhar o design da revista, pouco precisaram de conversar sobre o assunto, garantem.

Tal como nesta outra rede criada por Mark Zuckerberg, o Instagram está cheio de selfies, pratos de comida e animais de estimação que só interessam a quem as publica e, no limite, a alguns amigos mais próximos. Mas desde cedo se percebeu que havia uma comunidade de criativos de diversas áreas, que desenvolveram ali uma abordagem diferente à fotografia. Assumindo as limitações do dispositivo móvel – a lente fixa, a falta de controlo sobre a profundidade de campo, por exemplo - como características a colocar ao serviço das respectivas opções estéticas. Neste aspecto, o fenómeno pode ser comparado com o que está acontecer com a Polaroid, cujo filme foi ressuscitado pelo Impossible Project e que hoje tem entre os artistas o seu principal mercado.

Inês Marcelo, que vive entre múltiplas tecnologias – tem em Lisboa o Estúdio Cheias de Graça, que trabalha na área da fotografia social – assume que pensa diferente quando tem na mão uma câmara profissional ou um telemóvel. E que muitas vezes, de férias, deixa a primeira de lado e passa os dias a captar pormenores com o telefone. “Quando penso em Instagram, penso em planos, na cor, nas paredes”, explica, assumindo que lhe agrada essa bidimensionalidade, que explora nos retratos que faz com o telemóvel, por exemplo.

Os três tiveram uma primeira reunião a sério, numa mesa do restaurante Espiga, sítio onde as paredes convivem, e muito com a fotografia. E foi ali que na semana passada os encontramos com a revista, fresca, na mão. Sub-30, são seguidos por milhares de instagramers, e perdem – a palavra está mal aplicada - horas e horas a seguir, eles também, o que de melhor se vai postando, ali, por esse mundo fora. E a Oh! Mag acaba por ser uma forma de dar a conhecer à comunidade – e mesmo àqueles que, gostando de fotografia, não estão no Instagram – as suas escolhas. Ou dito de outra forma, de partilhar o que os inspira, como escrevem na capa deste número zero.

Mas desistam os que pensam que, nesta revista de formato quadrado e papel de grande qualidade, não há animais e naturezas mortas. Há, e chegam acompanhadas das suas histórias, como acontece com a Lola, a cadela de Patrícia Relva que tem direito à sua própria conta @_queen_lola, pela forma como se péla (na verdade gosta é da recompensa), por uma sessão de “estúdio” com a dona. "O que nos interessa são as pessoas, perceber o seu trabalho, como se relacionam com o mundo, com a fotografia. Ver o que as inspira”, acrescenta Daniela Melo Oliveira.

As situações criadas para Lola, a cadela, são de um registo muito diferente do de Mariana Rodrigues, tema central desta primeira Oh! Mag, cujo trabalho saltou para a capa. A ilustradora, que vive em Londres, explora a relação entre o seu corpo e as texturas e cores de objectos e naturezas mortas, fazendo disso uma segunda actividade, para além da vida profissional que a levou já a viver algum tempo em Tóquio. “A fotografia tem a capacidade de provocar emoções: é capaz de nos fazer apaixonar, gritar, sorrir, chorar, ansiar, temer”, responde a uma das perguntas.

Mas a fotografia existia antes do Instagram, e não morre, se esta rede, como outras, desaparecer do mapa. “Bem, se isto for uma moda nós teremos de estar atentos e sermos os primeiros a adaptar-nos a isso”, responde Tiago Ribeiro, acreditando, contudo, que o Facebook “não vai deixar morrer” este espaço que começou por estar muito associado às imagens com filtros, cheios de vinhetas e cores desbotadas, a atirar a uma estética vintage, mas que rapidamente se libertou destas amarras iniciais e acolhe, por exemplo, os desafios de @tsilvaribeiro, que fotografa objectos que evocam filmes, à espera que a comunidade adivinhe os respectivos títulos.

Na Oh! Mag há-de haver espaço para comida (@littleupsidedowncake), para viagens (@martalisboa), para animais, e muitos ofícios, entre outras categorias, no olhar de vários instagramers – são 14 os que aparecem neste número. E haverá também um convidado internacional, que na estreia é a argentina Paula Amenta, com um portfolio sobre a sua cidade, Mar del Plata, e sobre a música, profissão que a inspira a fotografar pensando numa banda sonora, que no caso da galeria publicada foi, explica ao leitor, composta pelas canções de Nick Drake.

A Argentina é apenas um dos países de onde o trio recebeu já encomendas deste número zero da Oh! Mag, produção cara, feita a expensas próprias, de que imprimiram 500 exemplares, e com a qual esperam conseguir pagar o número 1. Pensada para o mundo, ela é bilingue desde o primeiro momento em que foi pensada, porque não ter os textos em português pareceu-lhes “uma falta de respeito”.

O próximo número terá venda em banca, mas o volume zero da Oh! Mag é vendida exclusivamente online, a 17 euros mais portes, e já está a seguir, entre outros países, para a Áustria, Alemanha e Brasil. E o trio já encontrou uma embaixadora na Catalunha, para o mercado espanhol. Agora falta-lhes divulgar ao próprio Instagram o projecto, que saiu da gráfica no Dia Mundial da Fotografia, 19 de Agosto, mas que só em Setembro, em data a agendar, terá festa de lançamento.

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