O Verão Clássico do CCB é uma academia de aprendizes e mestres

A segunda edição da iniciativa realiza-se entre 30 de Julho e 6 de Agosto e apresenta, pela primeira vez, o prémio de composição CCB DSCH.

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O francês Olivier Patey é o 1ºclarinete solo da Orquestra Concertgebouw de Amesterdão e participará nas masterclasses Ugo Ponte/Orchestre National de Lille

Foi a “grande qualidade dos jovens músicos portugueses” que levou o pianista Filipe Pinto-Ribeiro a lançar a primeira edição do Verão Clássico – Academia Internacional de Música de Lisboa, em 2015. Agora, o projecto artístico e pedagógico regressa para a segunda edição entre 30 de Julho e 6 de Agosto, com concertos diários e um conjunto de masterclasses de instrumento e de música de câmara. A grande novidade é o prémio de composição CCB DSCH, que pretende distinguir anualmente uma obra original de música de câmara.

O Verão Clássico é um encontro entre estudantes, jovens músicos, professores e profissionais das grandes orquestras que alia a formação à performance e possibilita, ainda, um intercâmbio cultural entre vários países. “Queremos encorajar e ajudar estes jovens músicos a construirem as suas carreiras e, para os músicos portugueses, é muito vantajoso poderem contactar com músicos estrangeiros sem sair do país”, disse Filipe Pinto-Ribeiro, director artístico e pedagógico do Verão Clássico, em conferência de imprensa, esta quinta-feira, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.

As masterclasses promovidas pelo festival serão aulas intensivas de técnica e interpretação musical de piano, violino, viola, contrabaixo, flauta e clarinete e de música de câmara, e decorrerão em nove salas do CCB e também em algumas salas da Orquestra Metropolitana de Lisboa. “Estas aulas irão ser orientadas por alguns dos melhores nomes da área de várias nacionalidades e professores que são também músicos das maiores orquestras do mundo”, conta Pinto-Ribeiro. Entre os professores convidados, encontram-se nomes como o americano Gary Hoffman, que ensina violoncelo na Capela Musical Rainha Elisabete da Bélgica, Jack Liebeck, professor britânico de violino na Royal Academy of Music de Londres, e o francês Olivier Patey, 1ºclarinete solo da Orquestra Concertgebouw de Amesterdão.

São 148 os alunos inscritos nas masterclasses deste ano, dos quais 92 são portugueses e 56 são estrangeiros provenientes de 22 países como França, Espanha, Suíça, Estados Unidos, Brasil, Colômbia, Israel e Irão. “Tivemos um aumento relativamente aos 92 inscritos do ano passado”, notou Pinto-Ribeiro. Têm entre 14 e 30 anos e incluem desde jovens que dão os primeiros passos na música a profissionais com carreiras sólidas em grandes orquestras.

A “interacção fundamental entre os artistas”, como descreve Elísio Summavielle, presidente do CCB, alimenta-se também da vertente de performance do Verão Clássico. A ideia é que os alunos da academia possam ser escolhidos, através do trabalho desenvolvido nas aulas, para se apresentarem no TalentFest, uma série de quatro concertos de entrada gratuita. Também os professores convidados actuarão em três concertos inseridos no MasterFest, mais uma iniciativa do festival de música de câmara, “único no país”, de acordo com Pinto-Ribeiro.

Além de disponibilizar parte das suas instalações para a organização das aulas, a Orquestra Metropolitana de Lisboa cedeu bolsas de estudo no valor de 2800 euros a alunos que não podiam suportar os custos, privilegiando alunos da Academia Nacional Superior de Orquestra. “Este projecto casa com a dupla vertente artística e pedagógica da Metropolitana de Lisboa e é a materialização de um trabalho continuado pelo Filipe na DSCH – Schostakovich Ensemble”, diz António Mega Ferreira, director executivo da Metropolitana.

O grande destaque desta edição é o prémio de composição CCB DSCH, que pretende distinguir uma obra de música de câmara e está aberto a compositores portugueses ou estrangeiros a residir em Portugal há mais de cinco anos. “Decidimos encarar a música de câmara não apenas pela perspectiva dos executantes, mas antes pelo lado de quem ouve”, justifica Miguel Leal Coelho, administrador do CCB.

As obras candidatas deverão ter sido compostas entre Abril de 2012 e Abril de 2017 exclusivamente para trios, quartetos ou quintetos e deverão ter entre cinco e 15 minutos. O prémio atribuído terá o valor de cinco mil euros, fazendo deste “o mais alto prémio de composição no nosso país”, notou Pinto-Ribeiro. A obra vencedora será apresentada na edição de 2017.

É verdade que o Verão Clássico é uma academia de músicos para músicos, mas os concertos diários de alunos e professores mostram que há, também, a preocupação de fazer com que o seu programa “gere uma movimentação do público”.

Artigo corrigido às 10h30 do dia 1 de Julho rectificando os nomes dos professores desta edição: Abel Pereira e Pascal Moraguès, que participaram no Verão Clássico de 2015, não regressam este ano; Jack Liebeck e Olivier Patey orientarão masterclasses.

Texto editado por Inês Nadais

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