O Rei da Califórnia

Evan Rachel Wood confirma porque é uma das mais promissoras jovens actrizes americanas, Michael Douglas faz esquecer que é Michael Douglas

É complicado explicar o que torna um filme potencialmente tão anónimo como "O Rei da Califórnia" numa surpresa agradável: é o mais recente exemplo de um actor de peso a brincar ao cinema independente com um papel que mostra que ele ainda não perdeu o jeito, é mais uma daquelas comédias doce-amargas sobre famílias disfuncionais, etc., etc., etc.


E, contudo, o primeiro filme de Mike Cahill, "apadrinhado" por Alexander Payne (o realizador de "Sideways" e "As Confissões de Schmidt"), é qualquer coisa mais do que isso, sobretudo devido ao tom e ao modo com que conta a sua história de um pai solteiro psiquiatricamente instável, que arrasta a filha adolescente para uma quixotesca caça ao tesouro pelos parques de estacionamento da Califórnia contemporânea. Passa pelo tom misto de comédia excêntrica e aventura adolescente convenientemente desfasados do cenário que os rodeia, pela inteligência de inverter os habituais papéis (aqui, o "adulto" é a filha que se viu forçada a desenrascar-se sozinha), pela elegância com que as personagens são desenhadas em meia-dúzia de planos rápidos que explicam tudo sem precisar de carregar a traço grosso. E passa, sobretudo, pelos actores: Evan Rachel Wood confirma porque é uma das mais promissoras jovens actrizes americanas, Michael Douglas faz esquecer que é Michael Douglas com uma performance inteiramente ancorada no simples prazer de representar. Se não se esperar de "O Rei da Califórnia" um grande filme, descobre-se uma fita bem simpática.

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