O que nos traz Miley Cyrus a Lisboa além da provocação que lhe conhecemos?

Norte-americana actua este domingo em Lisboa decidida a fazer esquecer o ídolo infantil que um dia foi.

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Aos 21 anos, Miley Cyrus deixou de ser a personagem infanto-juvenil que a tornou conhecida Lucy Nicholson/Reuters

Quase um ano depois de ter começado realmente a dar que falar, mais com os seus actos polémicos do que com o seu novo álbum, Miley Cyrus chega a Portugal para um concerto esta noite no Meo Arena, em Lisboa. Se em 2010, quando esteve no Rock in Rio Lisboa, o ambiente era familiar, com muitos filhos a arrastarem os pais para o concerto, esta noite será com certeza diferente. Miley Cyrus cresceu e já não é a menina Hannah Montana. A Disney ficou lá atrás e desse tempo só lhe resta a alcunha dada pela imprensa, para quem Cyrus é uma estrela “porno-Disney”.

Pornografia e Disney são à partida dois mundos distantes, mas quando o tema é Miley Cyrus, a cantora de 21 anos, talvez não seja bem assim. Não somos nós que o dizemos, é Miley Cyrus que teima em afirmar-se desta forma. A rebeldia da outrora bem-comportada Hannah Montana deu lugar a uma muito controversa Miley Cyrus, conhecida nos últimos tempos pelo seu espalhafato sexualizado.

Línguas de fora de todas as formas possíveis, posições e actos sexuais simulados em cima do palco, vídeos provocadores. É assim que Miley Cyrus quer fazer esquecer o ídolo infanto-juvenil que uma vez foi. Neste caminho não consegue é fugir às críticas. Há pais que não gostam que os seus filhos a oiçam; afinal, talvez aquele público que em 2010 foi vê-la ao Rock in Rio não tenha crescido como ela. E há artistas que não compreendem. Ainda no ano passado, por exemplo, Sinead O’Connor criticou esta nova imagem hiper-sexualizada de Cyrus, defendendo que a jovem norte-americana está a prostituir o seu talento e a legitimar a visão do corpo feminino enquanto mero objecto sexual.

Como reage a cantora? Assobia para o lado e pouco se importa. Miley Cyrus não é o que os outros querem que seja mas o que bem lhe apetece ser. “Qualquer pessoa que te odeie estará sempre abaixo de ti porque tem apenas inveja do que tu tens”, disse em Fevereiro deste ano numa entrevista à revista norte-americana W Magazine. E se dúvidas ainda houvesse, ela repete: “Não sou a Disney, não quero saber."

E não quer mesmo saber. Veja-se a sua conta no Instagram, onde Miley Cyrus é bastante activa e nos leva para lá do palco, mostrando que não é provocadora apenas nos concertos. Semidespida, línguas de fora outra vez, linguagem rude e algumas asneiras lá pelo meio.

Ao mesmo tempo, as polémicas vão-lhe valendo números na música. A Portugal vem apresentar o seu último trabalho, Bangerz, cujos primeiros singles foram um sucesso à escala mundial: We can’t stop e Wrecking ball já venderam mais de oito milhões de cópias e ocupam os lugares cimeiros das tabelas de rotação das principais rádios de todo o mundo. E o polémico vídeo de Wrecking ball tornou-se um marco da plataforma Vevo ao conseguir mais de 100 milhões de visualizações em apenas seis dias. Curiosamente, o recorde era detido pela própria Miley, depois de o vídeo imediatamente anterior, We can’t stop, ter atingido o mesmo número em 37 dias.

É nesta condição que Miley Cyrus sobe este domingo ao palco, depois de ter actuado em Barcelona na sexta-feira. Terça-feira volta a Espanha para um concerto em Madrid. Mas já se esperam algumas reacções à cantora que provocou os espanhóis ao dançar uma música com uma ikurriña (a bandeira basca) na mão. Isso, e as provocações do costume. O El País falava ontem da “menina má de um videoclipe erótico”, enquanto o El Mundo escreveu sobre a estrela “porno-Disney” que deu um concerto fraco em música e alimentado por um “erotismo em bruto”.

“O que ficou na dúvida é se o sexo vende: o Palau Sant Jordi ficou-se pela metade, com cerca de 12 mil pessoas, quase todas raparigas à procura de um farol, um modelo a seguir, e poucos rapazes dispostos a participar nesta festa própria de uma irmandade universitária depravada”, lê-se na crítica do El Mundo.

Resta agora saber o que vai ficar do concerto de Lisboa, na certeza de que tudo será diferente de 2010.

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