Lou Reed acusado de violência doméstica

Notes from the Velvet Underground: The life of Lou Reed, nova biografia do músico escrita por Howard Sounes, sai a 22 de Outubro.

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Lou Reed num concerto em Lisboa, em Julho de 2008 Jose Manuel Ribeiro/REUTERS

Walk on the wild side é uma das canções mais famosas de Lou Reed, o mítico líder dos Velvet Underground desaparecido em 2013 e reconhecidamente uma das personalidades mais marcantes da história do rock. Mas o músico e compositor teve também um “lado escuro” na sua vida privada, nomeadamente a prática de violência doméstica, acusaçaõ que surge na nova biografia, Notes from the Velvet Underground: The Life of Lou Reed (Notas do Velvet Underground: A vida de Lou Reed), que vai ser lançada a 22 de Outubro, com a chancela da Random House Books.

O autor do livro, apresentado como “a biografia definitiva” do músico, é Howard Sounes, escritor britânico que já pesquisou e contou as vidas de outras figuras marcantes da cultura anglo-saxónica, como Paul McCartney, Bob Dylan ou Charles Bukowski.

E Sounes não poupa nas palavras, para se referir à faceta mais turbulenta, e pouco conhecida, de Lou Reed: “Eu gosto da sua música, mas temos de ir ao fundo da história”, disse o autor em entrevista ao site norte-americano The Daily Beast, citado pelo The Guardian. “Os obituários [que lhe fizeram aquando da morte] foram demasiado amáveis; ele era, realmente, alguém muito desagradável: um monstro, mesmo – acho que é a palavra que se lhe pode aplicar”.

A justificação para esta apreciação, Sounes encontrou-a nos depoimentos de algumas mulheres (e também alguns amigos) que viveram ou se cruzaram com Lou Reed, e que o acusaram de violência doméstica. Uma delas é Bettye Kronstad, terceira mulher do músico, com quem casou em 1973, enlace que durou apenas um ano, mesmo que a relação de ambos se tivesse prolongado por cerca de quatro. “Ele era capaz, e gostava, de te desafiar e depois atirar-te contra a parede, abanar-te, bater-te; uma vez, pôs-me um olho negro”, contou Bettye a Sounes – que, para o seu livro, ouviu cerca de 140 pessoas: nomes da indústria musical, músicos que com ele tocaram, familiares, mulheres, amantes e outras celebridades mais ou menos próximas do autor de Perfect day.

Allan Hyman, um amigo de Reed do tempo da escola, também testemunha essa faceta violenta do seu temperamento, ao recordar o episódio de um jantar em que o músico bateu na namorada que o acompanhava.

A revelação deste “lado negro” da personalidade deste músico que normalmente se vestia de preto – e que encabeça as múltiplas notícias postas já a circular nos meios de comunicação um pouco por todo o mundo – vai certamente sobrepor-se às outras histórias que preenchem as 400 páginas de Notes from the Velvet Underground: The Life of Lou Reed. Uma figura que a Random House Books apresenta como “um dos mais inovadores e inteligentes escritores de canções americanos dos tempos modernos”, mas também “um autêntico solitário, que teve uma vida tumultuosa e torturada".

A nova biografia faz também uma luz nova sobre “o processo criativo do artista, os seus problemas de saúde mental, a sua bissexualidade, os três casamentos e a sua dependência das drogas e do álcool”.

Falecido a 27 de Outubro de 2013 em Nova Iorque, aos 71 anos, Lou Reed actuou e esteve por várias vezes Portugal, entre o concerto de estreia na Pavilhão Dramático de Cascais, em Junho de 1980, e a visita que realizou ao Estoril Film Festival de 2010, onde inaugurou uma exposição de fotografias. Pelo meio, tocou, por exemplo, em Lisboa (Expo'98), em Coimbra (Capital Nacional da Cultura, 2003) e no Porto (onde participou no programa de inauguração da Casa da Música, a 14 de Abril de 2005).

 

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