O filme preferido de 2015 de Quentin Tarantino e a defesa da violência

The Hateful Eight está a estrear-se em vários mercados e Tarantino distribui opiniões sobre o panorama do ano no cinema e explicações sobre o seu oitavo filme.

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Quentin Tarantino e a sua "musa" Samuel L. Jackson AFP /ANGELA WEISS

O filme preferido de 2015 de Quentin Tarantino tem um homem no nome e uma mulher no centro – Mad Max: Estrada da Fúria, que começou há semanas a despontar como um dos títulos em contenda na iminente temporada de prémios com nomeações em vários campos. Primeiro, o realizador de The Hateful Eight, um dos filmes mais aguardados deste Inverno, resistiu à ideia de regressar ao universo Mad Max. Mas viu, numa cópia de 35 mm, o filme em casa e ficou rendido.

Já em 2011, Tarantino tinha revelado à imprensa que o seu favorito do ano tinha sido Meia-noite em Paris, de Woody Allen, reservando a honraria em 2013 para Afternoon Delight. Agora, foi a vez de a Imperator Furiosa de Charlize Theron e do Max de Tom Hardy o convencerem. 

"Resisti a vê-lo durante uns tempos porque me questionava 'Mad Max? Sem Mel Gibson? Esqueçam'", disse na estreia francesa de The Hateful Eight. Mas depois viu o filme. "Num mundo em que existe Mel Gibson, como é que se pode dar o papel a Tom Hardy. Depois vi o filme. 'OK, é óptimo'. E ele [Hardy] está bastante bem, tenho de admitir". Acabou por ver o filme três vezes num só fim-de-semana, algo que não conseguiu fazer muito este ano devido ao trabalho no seu western com Samuel L. Jackson, Kurt Russell, Jennifer Jason Leigh – a única mulher no filme – e muitos dos seus habituais colaboradores.

The Hateful Eight, que se estreia a 4 de Fevereiro em Portugal, distingue-se entre outras coisas, explica o realizador à revista Variety, porque "a violência pende sobre cada uma daquelas personagens como o manto da noite" – oito homens e mulheres presos por um nevão no mesmo espaço. Elogios a Samuel L. Jackson, a sua "musa", e a questão da violência sobre as oito personagens, Leigh incluída: "Temos de sentir que qualquer coisa pode acontecer a qualquer pessoa em qualquer altura. Não vou fazer isso para sete das personagens e porque uma é mulher vou tratá-la de forma diferente", diz sobre algumas das reacções mais fortes sobre o que sucede à personagem da actriz – "Não faz mal sentirem-se assim", diz aos espectadores, "porque há momentos em que estou a provocar-vos para que se sintam assim."

O filme está a ter um lançamento conturbado: primeiro, o apelo ao boicote por algumas das mais importantes organizações de polícias dos EUA, em reacção a declarações sobre a violência policial, e depois a aparição do filme na Internet para descarga ilegal. 

Notícia corrigida às 15h25: data de estreia do filme em Portugal

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