O Festival das Artes em Coimbra vai falar do património

O Festival das Artes escolheu mostrar a cidade, do fado e da lingua portuguesa como património, de 18 a 29 de Julho.

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O anfiteatro Colina de Camões é lugar habitual dos espectáculos do Festival das Artes Daniel Palos

Com a Alta universitária, a Rua da Sofia e a Universidade de Coimbra consideradas património mundial pela UNESCO desde Junho de 2013, o Festival das Artes, que acontece entre 18 e 29 de Julho nesta cidade, escolheu para tema deste ano o património. A sexta edição deste evento volta a ter na programação música, cinema, artes de palco e artes plásticas, num total de 30 eventos.

Em destaque está o primeiro concerto, que acontece na sala dos capelos, na universidade, "o sacrário do saber”, disse José Miguel Judice, presidente do festival, na apresentação do programa à imprensa. No espectáculo Património Musical de Coimbra, o grupo Capella Duriensis, especializado em música sacra portuguesa e dirigido pelo maestro Jonathan Ayerst, canta temas de compositores desta cidade do século XVI ao século XVIII. Entre eles está Deo Gratias, composto por Fernão Gomes Correia, compositor residente da Sé de Coimbra no século XVI ou a Sonata para órgão número LXXVI, de Carlos Seixas, mestre da corte de D. João V no século XVIII.

No domingo, o ciclo de música leva ainda a Orquestra Metropolitana de Lisboa, com direcção de Daniel Smith, ao anfiteatro Colina de Camões, lugar que tem recebido espectáculos das últimas edições, para o concerto Património Sinfónico, onde se vão ouvir peças do século XVIII de Joseph Haydn, Ruy Coelho e Mozart. Entre outros, há ainda os concertos da Orquestra Chinesa de Macau, da Orquestra Clássica do Centro ou do fadista Ricardo Ribeiro, que acontece no barco Basófias, durante uma viagem pelo Mondego.

O momento de destaque no ciclo o de cinema é a projecção do filme de Roger Lion, A Fonte dos Amores (1924), que é projectado sexta-feira no Mosteiro de Santa-Clara-a-Velha. O filme, que segue uma história semelhante à de Pedro e Inês, terá música ao vivo por Carlos Jesus, na guitarra portuguesa, Paulo Larguesa e Arnaldo Tomás, na guitarra clássica e voz de Luís Dinis e Felisberto Queirós para lembrar o fado, património imaterial da humanidade pela UNESCO desde 2011. No mesmo local, projectam-se ainda filmes como Acto da Primavera (1963), de Manoel de Oliveira, ou Centro Histórico, um conjunto de quatro curtas que Pedro Costa, Víctor Erice, Aki Kaurismäki e Manoel de Oliveira realizaram para Guimarães 2012, capital europeia da Cultura.

A 23 de Julho, o programa da sexta edição do Festival das Artes apresenta outro património: a língua portuguesa. O espectáculo Flor de Lácio, com o actor André Gago e os músicos Aluíso Neves, na percursão, João Penedo, no contrabaixo, e Tiago Inuit, guitarra portuguesa e direcção musical, reúne autores portugueses e brasileiros, de Camões a Vinicius de Moraes, passando por Alexandre O’Neill, Chico Buarque ou Joaquim Nabuco.

A exposição A Vanguarda Está em Ti acontece no Círculo das Artes Plásticas de Coimbra, na Universidade de Coimbra, de 19 a 31 de Julho, e apresenta um olhar sobre os 55 anos deste centro de arte contemporânea onde cabem artistas como Julião Sarmento, Alberto Carneiro ou Pedro Vaz. A secção de artes plásticas do Festival das Artes apresenta ainda Universidade de Coimbra, Alta e Sofia: Um Convite a Espreitar, uma exposição no Museu Municipal – Edifício Chiado de de 18 a 31 de Julho, que quer ser um guia para conhecer o lugares da cidade considerados património mundial pela UNESCO.

O Festival das Artes, que tem ainda conferências sobre património e eventos de gastronomia, tem um orçamento de “120 a 130 mil euros”, disse José Miguel Júdice na apresentação – “houve muito mais dinheiro nos anos anteriores”, completou, “mas a qualidade não foi afectada”. O festival de Coimbra acontece com o apoio da câmara municipal desta cidade, da Direcção Regional de Cultura do Centro e de patrocínios privados.

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