O estado da nação na Primavera da Casa da Música

Chama-se O Rito da Primavera a terceira edição do programa com que a Casa da Música faz a radiografia da música feita por jovens na Europa, do jazz à música contemporânea.

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O Quarteto de Cordas de Matosinhos foi a primeira formação portuguesa a integrar o Rising Stars Susana Neves

Vai já na terceira edição o ciclo de programas com que a Casa da Música celebra as novas gerações da música, nas suas diferentes vertentes. Na edição inaugural, em 2013, o ciclo chamava-se Consagração da Primavera e reunia um primeiro ciclo de jazz dedicado a bandas emergentes e um programa de música erudita que incluía a execução da obra maior de Stravinski, A Sagração da Primavera.

Desde o ano passado, viu acrescentar-se o Rising Stars, que passou a trazer ao Porto jovens intérpretes de algumas das mais importantes instituições musicais e salas de concerto europeias, sob a égide da European Concert Hall Organization (ECHO), de que a Casa da Música e a Gulbenkian fazem parte.

O programa deste ano chama-se O Rito da Primavera, agrupando em sucessão cronológica, ao longo de mais de uma semana (de 8 a 17 de Maio) e de 14 concertos, as mesmas mostras das novas tendências do jazz (Spring ON), os jovens compositores portugueses (O Estado da Nação) e os jovens intérpretes europeus do Rising Stars.

“A ideia foi dar continuidade ao mesmo conceito de celebração do ímpeto criativo da juventude e dos novos valores da música”, diz o director artístico da Casa, António Jorge Pacheco. E chama a atenção para o programa O Estado da Nação (12 e 16 de Maio), que vai “passar em revista todos aqueles que foram os Jovens Compositores em Residência na Casa da Música", desde que este projecto foi lançado, em 2007. Assim, em dois concertos, o Remix Ensemble e a Orquestra Sinfónica do Porto vão voltar a interpretar, agora sob a direcção de maestros diferentes, as peças compostas por Vasco Mendonça, Luís Cardoso, Daniel Moreira, Daniel Martinho, Ângela da Ponte, Igor C. Silva, Marco Barroso e Ana Seara.

O concerto do segundo dia, 16 de Maio, será antecedido de uma mesa-redonda com todos os compositores, moderada pelo musicólogo Rui Pereira.

“Trata-se de tirar o pulso ao estado da composição contemporânea mais recente, dando também a oportunidade de uma segunda audição das obras compostas pelos jovens compositores que residiram na Casa”, diz António Jorge Pacheco. “É difícil um compositor jovem evoluir, se não lhe forem dadas ocasiões de ouvir a sua música tocada”, acrescenta o director artístico. E cita dois casos em que essa visibilidade ultrapassou já fronteiras: Vasco Mendonça, que teve uma ópera sua interpretada no Festival de Aix-en-Provence, França, e Daniel Moreira, com obras executadas em Viena e em Estrasburgo.

Mas O Rito da Primavera começa esta sexta-feira com a terceira edição do programa dedicado às novas tendências do jazz europeu, com três dias de concertos duplos, que porão em contraste bandas portuguesas com outras vindas do Luxemburgo, França e Noruega. A primeira a subir ao palco da Sala 2 é o Greg Lamy Quartet, liderado por um guitarrista nascido nos Estados Unidos, mas radicado no Luxemburgo, onde, em 2007, fundou a sua banda, com a qual já gravou os discos I See You e Meeting.

De França vem outro quarteto, Auditive Connection, que lançou o primeiro EP no início deste ano e associa a tradição do rock e do jazz com a poesia de Beckett, Éluard ou Kerouac. E Cortex é ainda um quarteto, norueguês, que já tocou em Portugal, onde no ano passado editou o seu primeiro disco, Live, com a chancela da Clean Feed.

O jazz português mais jovem estará representado pelo sexteto Dan Costa Project, liderado por um pianista luso-italiano com formação também bebida em Inglaterra e no Brasil; pelo quinteto do contrabaixista João Paulo Rosado, que apresenta o projecto Sinopse; e pela Big Band da Nazaré, dirigida por Adelino Mota e com a participação especial do tubista da Orquestra Sinfónica do Porto Sérgio Carolino, num programa virado para a música funk.

Finalmente, o calendário do Rising Stars (15 a 17 de Maio), que esta temporada teve, pela primeira vez, uma formação portuguesa, o Quarteto de Cordas de Matosinhos, que tem vindo a tocar em palcos que integram a rede ECHO. Na Casa da Música, a formação de Matosinhos vai encerrar o programa, a 17 de Maio, tocando Mozart, Glazunov e Vianna da Motta.

António Jorge Pacheco anuncia, sem avançar ainda o nome, que uma segunda formação portuguesa irá também entrar no projecto Rising Stars para a temporada 2016-17.

De entre as outras formações e músicos presentes no Porto, destaque para o regresso do violoncelista búlgaro Michael Petrov, vencedor do Prémio Suggia/Casa da Música em 2011, que agora tocará em duo com o pianista britânico Ashley Fripp, representando ambos o Barbican Centre, de Londres.

No resto do programa actuarão o pianista Aaron Pilsan (Wiener Konzerthaus e Musikverein, Viena), o Ardeo String Quartet (Het Concertgebow, Amesterdão, e Bozar, Bruxelas), o Signum Saxofone Quartet (Kölner Philharmonie e Laeiszhalle Elbphilharmonie, Hamburgo, e Festspielhaus Baden-Baden e Konzerthaus, Dortmund), e o duo Omo Bello (soprano)-Clément Mao-Takacs (piano), em representação da Cité de la Musique, Paris.

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