O favorito Hong Sangsoo vence Locarno à cabeça de um palmarés certinho

Quem apostou no cineasta coreano para ganhar a edição 2015 do festival suíço acertou. Andrzej Zulawski, o filme israelita Tikkun e o japonês Happy Hour foram os outros grandes premiados.

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O realizdor coreano Hong Sangsoo é o vencedor do Leopardo de Ouro do Festival de Locarno. © Festival del Film Locarno / Massimo Pedrazzini
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Right Now, Wrong Then do coreano Hong Sangsoo é o vencedor do Leopardo de Ouro do Festival de Locarno. Jung Jaeyoung recebeu o Leopardo de Melhor Actor. dr
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O realizador coreano Hong Sangsoo é o vencedor © Festival del Film Locarno / Massimo Pedrazzini
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Andrzej Zulawski recebeu o Leopardo de Melhor Realizador por Cosmos
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Cosmos de Andrzej Zulawski
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O Prémio Especial do Júri coube ao filme israelita Tikkun, de Avishai Sivon © Festival del Film Locarno / Massimo Pedrazzini
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Kawamura Rira, Mihara Maiko, Kikuchi Hazuki e Tanaka Sachie de Happy Hour, as melhores actrizes © Festival del film Locarno / Marco Abram

Era um dos favoritos para o Leopardo de Ouro e quem apostou em Right Now, Wrong Then, do coreano Hong Sangsoo, para vencer o Festival de Locarno 2015 acertou em cheio. A 17.ª realização do cineasta sul-coreano sai de Locarno com o prémio máximo e ainda com o que distingue a melhor interpretação masculina, num palmarés que reconheceu ainda Cosmos de Andrzej Zulawski, Tikkun de Avishai Sivon e Happy Hour de Ryusuke Hamaguchi.

Foi sob a chuva persistente e o trovão ocasional que o júri composto pela programadora Daniela Michel, pela actriz Moon So-ri, pelos realizadores Jerry Schatzberg e Nadav Lapid e pelo actor Udo Kier atribuiu nesta tarde de sábado o palmarés da 68.ª edição de Locarno.

Depois de 16 filmes que estiveram integrados nas competições dos principais festivais mundiais, Right Now, Wrong Then é o primeiro filme de Hong Sangsoo a receber o prémio principal; é também a segunda vez que o realizador recebe um prémio em Locarno, onde venceu o troféu de realização em 2013 com Our Sunhi.

Esta história de um realizador pinga-amor que namorisca com uma jovem pintora durante uma breve estadia num subúrbio de Seul valeu igualmente a Jung Jaeyoung o Leopardo de Melhor Actor.

O Prémio Especial do Júri coube ao filme israelita Tikkun, de Avishai Sivon, à volta da experiência de quase-morte de um académico ultra-ortodoxo e da sua ressurreição às mãos do pai – uma surpresa dado que o filme tinha estado fora do radar da maioria dos observadores, acompanhada pela menção especial para o trabalho de direcção de fotografia de Shai Goldman.

Andrzej Zulawski recebeu o Leopardo de Melhor Realizador por Cosmos, adaptação do romance de Witold Gombrowicz rodada em Portugal e em co-produção portuguesa [Paulo Branco]. Este será por certo o prémio mais unânime do palmarés, visto que a energia e a personalidade do cineasta polaco fizeram sombra a muito cineasta mais jovem, independentemente das opiniões polarizadas sobre Cosmos.

Finalmente, o Leopardo de melhor interpretação feminina foi entregue, ex-aequo e reconhecendo um excelente trabalho de conjunto, a Sachie Tanaka, Hazuki Kikuchi, Maiko Mihara e Rira Kawamura, as quatro actrizes principais do filme japonês Happy Hour, que recebeu ainda uma menção especial para o argumento.

É um palmarés menos “ousado” do que se esperaria, que joga com “valores seguros”, e é inevitável vê-lo, por isso, como “reverso” da medalha, ou contraponto ao “radicalismo” mais abertamente autoral do palmarés 2014 (Leopardo de Ouro para o filipino Lav Diaz, melhor realização para Pedro Costa).

Mas é um palmarés que confirma a sensação genericamente dividida que o concurso deixara, a de um “braço de ferro” entre veteranos a afinarem as suas identidades e cineastas a trabalharem para o futuro ainda em busca da sua. Neste caso, os primeiros saíram vencedores. Nada contra – reflecte o festival que o gerou – mas só temos pena que tenha ignorado aquele que foi, não só para nós como para muitos observadores, o grande filme do festival, Bella e Perduta, de Pietro Marcello. É a injustiça maior de um palmarés talvez demasiado certinho vindo de um festival que esperamos sempre que nos desafie e nos leve mais longe.

Na competição paralela Cineasti del Presente (júri presidido por Júlio Bressane), Thithi do indiano Raam Reddy foi o Melhor Filme, com o chinês Bi Gan a vencer o galardão de Melhor Realizador Emergente por Kaili Blues e o Prémio Especial do Júri a ir parar às mãos do espanhol Mauro Herce por Dead Slow Ahead. Thithi venceu igualmente o prémio Opera Prima para a melhor primeira obra apresentada no festival. A competição de curtas-metragens, Pardi di Domani, escolheu Mama, do georgiano Davit Pritshkalava, no concurso internacional, e Le Barrage, de Samuel Grandchamp, no concurso suíço. 

 

Os premiados

 

Concurso Internacional

Leopardo de Ouro: Right Now, Wrong Then de Hong Sangsoo (Coreia do Sul)

Prémio Especial do Júri: Tikkun de Avishai Sivan (Israel)

Melhor Realização. Andrzej Zulawski, por Cosmos (França/Portugal)

Melhor Actriz: Sachie Tanaka, Hazuki Kikuchi, Maiko Mihara e Rira Kawamura em Happy Hour de Ryusuke Hamaguchi (Japão)

Melhor Actor: Jung Jaeyoung por Right Now, Wrong Then

 

Cineasti del Presente

Leopardo de Ouro: Thithi de Raam Reddy (Índia/EUA/Canadá)

Prémio Especial do Júri: Dead Slow Ahead de Mauro Herce (Espanha/França)

Melhor Realizador Emergente: Bi Gan por Kaili Blues (China)

 

Prémio Opera Prima: Thithi

 

Pardi di Domani (curtas-metragens)

Concurso Internacional - Mama de Davit Pirtshkalava (Geórgia)

Concurso Nacional - Le Barrage de Samuel Grandchamp (Suíça/EUA)

 

Prémio do Público (Piazza Grande): Der Staat gegen Fritz Bauer de Lars Kraume (Alemanha)

Prémio Ecuménico: Paradise de Sina Ataeian Dena (Irão/Alemanha)

Prémio FIPRESCI: Suite Armoricaine de Pascale Breton (França)

Prémio da Semana da Crítica: Brothers de Wojciech Staron (Polónia)

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