O boicote

O problema da imprensa escrita são as borlas e os borlistas. A inimiga, como sempre, é a ganância dos forretas.

Depois de passar anos a pagar trinta euros por mês por assinaturas digitais do Guardian e Observer e do Spectator, decidi boicotá-los.

Ao contrário de quase todas as melhores publicações periódicas, tanto o Guardian e Observer como o Spectator continuam a oferecer todo o conteúdo inteiramente grátis; isto para não relembrar o significado original do verbo "oferecer", antes de ter sido degradado pela hipotética Marta Neves do Readers' Digest especialmente dedicado aos portugueses.

A partir de agora, como profissional da palavra escrita, publicada, impressa e paga (PEPIEP) recuso-me a pagar pelos produtos idiotas dos vendilhões suicidas que acham que o futuro é oferecer o nosso trabalho de graça.

"A cavalo dado não se olha o dente": eis um ditado estúpido que se aplica inteligentemente à Internet. Claro que se olha. O cavalo dado é muito mais velho e gasto do que aquele que se compraria por bom (ou mau) dinheiro.

Como assinante de quase trinta revistas e jornais digitais (todos com um preço que é menos do que um terço da versão impressa e imediatamente acessíveis, em vez de levarem entre três e dez dias a chegar pelo correio), a minha revolta não é contra os compradores e assinantes das versões em papel (que pagam três vezes mais do que eu) mas, sim, contra os oportunistas que nada pagam pelo trabalho que outros tiveram.

O problema da imprensa escrita são as borlas e os borlistas. A inimiga, como sempre, é a ganância dos forretas.

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