O agente que devia ter ficado no frio

A ressurreição de uma velha série televisiva de espionagem é um objecto simpático mas supérfluo, para não dizer mesmo inútil.

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Guy Ritchie tenta, mas não consegue ser Stanley Donen DR

No limite, O Agente da U.N.C.L.E. é um filme razoavelmente supérfluo, para não dizer mesmo inútil.

A ressurreição da velha série de espionagem dos anos 1960 com Robert Vaughn e David McCallum não fazia verdadeiramente falta numa altura em que (ainda) temos James Bond e o Tom Cruise daMissão Impossível do lado sério e em que o Kingsman de Matthew Vaughn “acabou à cabeça” com qualquer versão satírica/paródica do género. Dito isto, Guy Ritchie ganha pontos por manter O Agente da U.N.C.L.E. ambientado nos anos 1960 em que foi criado e por deixá-lo suficientemente próximo da comédia sofisticada descomplexada (algumas de Stanley Donen, como Arabesco ou Charada, são aqui uma referência à qual Ritchie nunca consegue equiparar-se, embora seja simpático que procure o tom). Mas se isso garante duas horas agradáveis e inofensivas, não garante pelo contrário a mínima personalidade ou razão de ser a um filme que nunca consegue justificar o seu anacronismo nostálgico, ainda por cima com um elenco que tem pose mas não tem chama — basta ver o que Hugh Grant faz em três ou quatro cenas para perceber o que falta a Henry Cavill e Armie Hammer.

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