O adeus pode esperar

Leonard Cohen nasce todos os dias até ao dia em que não acordar e ficar para sempre.

Tenho saudades do Nuno Pacheco: então não havia de ter? Quando li a crónica dele na Revista 2 de anteontem o título afligiu-me: "Um longo e suave adeus". Graças a Deus era a generosa sensibilidade do Nuno, celebrando a lentidão com que os músicos se despedem de nós.

Fechava assim, à Nuno Pacheco, com uma informação nova e um pensamento fresco sobre o álbum que Leonard Cohen vai lançar no dia 23 de Setembro: "Chama-se Popular Problems e contorna um dos problemas mais sérios dos músicos: a idade. Como se dissesse: o adeus pode esperar".

Há uma canção do novo álbum - Almost Like The Blues - que está disponível em mil sites, desde a Rolling Stone aos dois melhores sites sobre Leonard Cohen. O clássico é The Leonard Cohen Files mas ultimamente 1 Heck Of A Guy - The Other Leonard Cohen Site - tem sido melhor.

Almost Like The Blues é mais uma obra-prima. É supremamente irónico: os blues são muitíssimo musicalmente respeitados. Mas Leonard Cohen faz uma troça deliciosa dos blues, falando de tragédias que nem sequer têm tempo para se tornarem em histórias pessoais, abertas a serem transformadas em canções.

É em 1 Heck Of A Guy que se encontra a letra de Cohen corrigida, com muitas outras maravilhas. A New Yorker de ontem publicou a letra e a versão iPad tem o próprio Cohen a lê-la a seco, na sagrada voz octogenária. 

Não há adeus nem sequer renascimento. Leonard Cohen nasce todos os dias até ao dia em que não acordar e ficar para sempre.

 

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