Noites longas da Casa da Música regressam com novo formato

Na programação do quarto trimestre do ano, regressa a música do Oriente, o jazz no Outono, o festival à Volta do Barroco. E o Clubbing passa agora a Club: Rodrigo Amarante, Holy Fuck e Paus, Bombino e The Legendary Tigerman estarão nas duas primeiras noites experimentais.

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Jordi Savall regressa à Sala Suggia com o concerto Istambul Enric Vives-Rubio

A Casa da Música está em obras de manutenção e de “lavagem da cara” do edifício projectado por Rem Koolhaas. Mas não é por essa razão que esta quarta-feira, Dia Mundial da Música, vai andar pelas ruas do Porto a cantar e a menear a mensagem da efeméride. Vozeando é o nome de mais uma iniciativa do Serviço Educativo, que este ano elegeu a voz como tema para a sua jornada de envolvimento com a população. Uma centena de estudantes de escolas do Grande Porto, acompanhados por alguns pais e divididos por quatro grupos corais, a partir das 10h, vão entrar no metro e percorrer vários espaços públicos da cidade.

“Pedi-lhes que sejam festivos e subversivos, distribuindo por quem passa um reportório original”, explicou esta terça-feira Jorge Prendas, responsável pelo Serviço Educativo, na apresentação da programação do último trimestre do ano da Casa da Música – e simultaneamente da agenda 2014-15 daquele serviço, que, como habitualmente, acompanha o calendário lectivo.

Ao final da tarde, pelas 19h, os coralistas amadores reúnem-se para um final de festa na Sala Suggia, “desenhando coreografias de som”.

Mas a principal novidade do trimestre será o regresso das noites longas na Casa, agora em formato renovado e com nova chancela mecenática. O Optimus Clubbing passa a NOS Club, apresentando como inovação a realização simultânea de concertos na Sala Suggia e na Sala 2 (entrada a 12 euros, em cada), “com igual aposta na qualidade, mas servindo públicos diferentes”, explicou António Jorge Pacheco, director artístico da Casa da Música. No resto, a noite continuará longa com música e DJ a animar os diferentes espaços, assinalando-se também o regresso das conversas com Álvaro Costa, que na primeira noite NOS Club, no próximo dia 11, dará “a Bowie o que é ainda de Bowie”.

O brasileiro Rodrigo Amarante e a banda electrónica canadiana Holy Fuck são as atracções estrangeiras desta noite, ficando a Sala 2 reservada aos portugueses Paus e Linda Martini. Até ao final do ano – “e ainda em regime experimental”, diz António Jorge Pacheco –, haverá um segundo Club, com o nigeriano Bombino e The Legendary Tigerman como cabeças-de-cartaz.

A restante programação dá sequência ao Ano Oriente, que irá “contaminar” parte dos festivais da estação: do À Volta do Barroco ao Ciclo de Piano e ao Outono em Jazz, além dos concertos das estruturas residentes.

Entre os destaques da temporada da Orquestra Sinfónica do Porto, António Jorge Pacheco sublinhou a vinda à cidade do violinista e maestro norte-americano de origem japonesa Joseph Swensen (18 de Outubro) a dirigir um programa que inclui dois Requiem: de Benjamin Britten, uma encomenda “secreta” do governo do Japão ainda antes da Segunda Grande Guerra; e de Toru Takemitsu, dedicado às vítimas do bombardeamento de Hiroshima.

No dia 1 de Novembro, a Sinfónica será dirigida pelo húngaro Peter Eötvös, Artista em Associação este ano na Casa, que, para além de uma obra sua, Atlantis, fará a estreia portuguesa do Concerto para piano e orquestra de Harrison Birtwistle, uma das várias encomendas da instituição.

A 12 de Dezembro, o maestro Christoph König faz a sua despedida do Porto após dois mandatos à frente da Orquestra Sinfónica Casa da Música, dirigindo um programa que inclui uma peça de Luís Tinoco e a Sinfonia nº 4 de Mahler – a partir de Janeiro, como já se sabe, a orquestra será dirigida pelos maestros Baldur Brönnimann, suíço, e Leopold Hager, austríaco.

O Remix Ensemble regressa à Sala Suggia já este sábado, dia 4, para a estreia mundial da peça encomendada à jovem compositora portuguesa em residência Ana Seara, Sinestesias, e também para a primeira audição da peça do jovem compositor chinês Huang Ruo, Divided distance. As sonoridades do Extremo Oriente estarão de regresso a 18 de Novembro, com o Remix a interpretar Elegias chinesas, de António Chagas Rosa, e a peça Snags&Snarls, da sul-coreana Unsuk Chin, também compositora residente da Casa.

O Coro e a Orquestra Barroca vão cruzar-se no festival À Volta do Barroco (2 a 16 de Novembro), que terá como momento forte a estreia em Portugal do teclista e maestro japonês Masaaki Suzuki, à frente do seu Bach Collegium Japan, mas também o regresso do catalão Jordi Savall apresentando o seu programa Istambul, recuperando as tradições ancestrais da música do Médio Oriente.

No Ciclo de Piano, há três intérpretes vindos do Leste: a ucraniana Valentina Lisitsa, que António Jorge Pacheco refere ser “o maior fenómeno mundial de popularidade ao nível da música clássica na internet, com mais de 30 milhões de visualizações no YouTube”, vem tocar Bach, Schumann, Brahms e Rachmaninoff (21 de Outubro); o russo Nikolai Lugansky, Schubert e Liszt (23 de Novembro); e a sua compatriota Elizabeth Leonskaja estreia-se na Sala Suggia, interpretando as três últimas sonatas de Schubert.

Nota  ainda para a 2ª edição do Outono em Jazz (10 a 22 de Outubro), com cinco concertos, abrindo com o italiano Nicola Conte Jazz Combo e fechando com um concerto duplo “made in Brasil”, com o Jaques Morelenbaum Cello Samba Trio e o Ed Motta Quartet.

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