Na Índia

Adorar dicionários impressos e datados é fácil. Difícil é compreender que haja quem não os adore.

Adorar dicionários impressos e datados é fácil. Difícil é compreender que haja quem não os adore. Também é fácil gostar de dicionários online. Mas o melhor de todos — o Oxford English Dictionary (OED) Online — custa 215 libras mais IVA por ano. Odeio.

O ano passado comprei as últimas edições do dicionário Collins (a 12.ª) e do Chamber's (a 13.ª). O Collins é maior, mais completo e mais formal. O Chamber's é pouco menos enorme mas tem mais personalidade: é opinado, escocês e mais bem escrito.

O Collins consulta-se quando aparece uma palavra contemporânea que não se conhece. O Chamber's não se consulta: lê-se. O melhor dicionário da língua inglesa do Reino Unido (e a bem ver o único digno desse nome) é o OED e o segundo melhor é o Shorter OED em dois volumes.

Isto toda a gente sabe. Mas (adoptando a pronúncia e a entoação de Michael Caine) não há muita gente que saiba que o Chamber's é fun. Define calorescence assim: "ill-formed word meaning the opposite of what it should mean". Kudos!

O posfácio do Chamber's, com 32 páginas escritas em Março de 2014 por Trevor Barnes (The Word Lover's Ramble), é o ensaio lexicográfico que mais me fez pensar, rir e aprender desde a morte de Eric Partridge em 1979.

Entristece-me só que a excelentíssima impressão — muito melhor do que qualquer livro britânico dos últimos anos — seja registada apenas como "Printed in India". A soberba tipografia indiana merece ser nomeada e elogiada: que primor!

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