Morreu o guitarrista Manitas de Plata

Figura do flamenco tinha 93 anos.

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Manitas de Plata tinha 93 anos BERDA SEBASTIEN/AFP

Manitas de Plata, o guitarrista que popularizou a música cigana e o flamenco em França onde foi campeão de vendas, morreu na quarta-feira à noite, anunciou a sua filha Françoise. O músico estava internado num lar de idosos no Sul de França, onde morreu aos 93 anos rodeado pela sua família.

O seu pai era negociante de cavalos e desde os nove anos que Ricardo tocava guitarra — sem saber ler uma única nota de música — influenciado pelo seu tio e pelo estilo do grande guitarrista jazz Django Reihardt, também cigano, com quem viria a ser comparado.  

O seu primeiro disco, porém, surgiria apenas nos anos 1960, década em que se tornou um músico conhecido mundialmente, actuando no Royal Albert Hall, em Londres (fá-lo-ia onze vezes ao longo da carreira) ou no Carnegie Hall, em Nova Iorque.

 Nesse período, quando já lhe chamavam Manitas de Plata, actuava em esplanadas da Côte d’Azur e entrou no círculo de amigos do poeta Jean Cocteau, dos artistas plásticos Picasso e Salvador Dalí e da actriz Brigitte Bardot. Picasso aliás, em 1964, terá subido ao palco durante um concerto e dito: “A arte deste homem é superior à minha”. 
Através do fotógrafo Lucien Soergue, que o recomendou a produtores norte-americanos, foi para Nova Iorque, triunfando no já citado Carnegie Hall, como recorda a AFP. 

 

Morreu na ruína. Dizia ter duas paixões — a música e as mulheres. Tocava com paixão e sempre viveu o dia-a-dia sem preocupações com o futuro. Ao longo da sua vida vários foram os que dependeram monetariamente dele — mulheres, filhos, tios, sobrinhos... Confessou ter tido várias mulheres ilegítimas e não sabia quantos filhos tinha ao certo. Dizia ter tido entre 24 e 28 mas só reconheceu 13 (três deles integram os Gipsy Kings). Houve um tempo em que foi considerado o artista europeu mais conhecido no mundo, refere a AFP, deixando mais de 80 discos gravados e 93 milhões de álbuns vendidos em todo o mundo. 

Brigitte Bardot homenageou-o esta quinta-feira em comunicado. Escreveu: “É uma grande tristeza para mim e uma grande perda para todos os meus irmãos ciganos. Manitas leva com ele toda a alegria de viver e a despreocupação da minha juventude”. Continuava, acrescentando que Manitas “recebeu o dom único de maravilhar pela força e rapidez da sua arte que inflamava o público, mantendo sempre uma grande simplicidade, cheia de uma nobreza inata. Tê-lo conhecido é uma honra, tê-lo perdido é uma infelicidade. Ficará para sempre inscrito no património mundial da Humanidade”.

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