Morreu o escritor Pat Conroy, autor de O Príncipe das Marés

Autor de vários best-sellers tinha 70 anos.

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Pat Conroy tinha 70 anos DR

O escritor norte-americano Pat Conroy, autor de romances como O Príncipe das Marés (Círculo de Leitores), O Primeiro Verão das Nossas Vidas (Porto Editora) e The Great Santini, morreu nesta sexta-feira aos 70 anos, anunciou a sua editora.

Pat Conroy tinha revelado no passado dia 15, através de um post no Facebook, que sofria de um cancro no pâncreas. "A Carolina do Sul perdeu o seu filho amado. Vamos sentir a falta de Pat Conroy", escreveu na rede social Twitter a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley. O escritor morreu em casa, em Beaufort, na Carolina do Sul, rodeado pela família. “A maré está alta e ele partiu”, disse a sua mulher, a romancista Cassandra King Conroy.

O escritor nascido em 1945, em Atlanta, teve uma infância e adolescência traumática, graças ao pai violento que batia na mulher e nos sete filhos, dos quais Pat era o mais velho. A sua obra, muito centrada nas memórias e tragédias dessa relação, tornava as histórias de Conroy facilmente reconhecíveis, de tal maneira que a referência que lhe é feita na lista da Contemporary Novelists, descreve: “Se já leu uma novela de Conroy, o leitor sabe que o livro será inadequado, que terá mais de 500 páginas, e, de alguma forma, ele sabe que as personagens são as mesmas que já encontrara no último livro de Conroy .(…) Mas, em vários sentidos, é como regressar para junto de velhos amigos e locais familiares, e o lirismo da prosa torna-se irresistível para a maioria dos leitores”.

Já Pat Conroy reconhecia abertamente a influência familiar em obras que acabaram transformadas em filmes de Hollywood, como The Great Santini (filme de 1979), The Water is Wide (2006), Lords of Discipline (1983) ou, aquele que finalmente lhe traria o reconhecimento, transformando-se imediatamente num best-seller, O Príncipe das Marés (1991) - Conroy adaptou o argumento para o filme protagonizado por Barbra Streisand e Nick Nolte.

Numa entrevista à Vanity Fair, para um perfil realizado em 1995, o escritor dizia: “Uma das maiores dádivas que se pode ter enquanto escritor é nascer numa família infeliz. Eu não podia ter nascido numa melhor. Não tenho que ir procurar o melodrama muito longe. Ele está mesmo aqui”. Três anos antes, Pat Conroy dissera ao Washington Post: “Sempre agradeci ao Papá por me ter dado uma dor tão intensa enquanto criança, porque me permitiu escrever sobre isso o resto da vida”.

Donald Conroy, o pai de Pat, era um piloto militar que combateu nas duas guerras mundiais e na guerra do Vietname e que é descrito como “um tirano que batia na mulher e nos filhos”. Por causa do seu serviço militar, a família já tinha mudado de casa 23 vezes quando Pat fez 18 anos e o jovem passara por 11 escolas em 12 anos. No prólogo de The Great Santini, Pat Conroy referiu-se ao pai, dizendo: “Lembro-me de o odiar mesmo quando ainda usava fraldas”.

O carácter intensamente autobiográfico dos trabalhos do escritor norte-americano causaram-lhe alguns dissabores, sobretudo com os membros da família, cansados de se verem constantemente retratados a cada nova obra do autor. Ele próprio contou ao The Guardian, em 1996, que quando a mãe estava a morrer de leucemia, em 1984, lhe disse: “Filho, é difícil relaxar agora que estou a morrer, quando sei que vais escrever todas as malditas palavras que eu disser”.

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