Morreu Jerry Weintraub, o produtor das estrelas

Karate Kid e o remake de Ocean’s Eleven fazem parte do currículo deste produtor de Hollywood que começou pela música com Sinatra, Elvis e Dylan.

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Jerry Weintraub (de casaco branco) com Brad Pitt, George Clooney and Matt Damon na chegada à estreia de Ocean's 13 no Festival de Cannes, em Maio de 2007 Victor Tonelli/Reuters

Jerry Weintraub começou pela indústria musical, a promover concertos para Elvis Presley, Frank Sinatra e Bob Dylan, mas foi ao cinema que dedicou grande parte da carreira e da vida. O produtor americano morreu na segunda-feira, aos 77 anos, na sua casa em Santa Barbara, na Califórnia, informou o seu agente. Segundo os jornais e agências de notícias internacionais, Weintraub não terá resistido a um ataque cardíaco.

No seu currículo de Hollywood destacam-se títulos como Nashville - filme de 1975 realizado por Robert Altman que satiriza o universo da música country e gospel a partir da cidade de Nashville, no Tennessee – a série Karate Kid, do primeiro de 1984 ao último de 2010, e o remake  de Ocean's Eleven - Façam as Vossas Apostas mais as suas duas “declinações” (Ocean's Twelve e Ocean's Thirteen), que reuniram uma galáxia de estrelas, com George Clooney e Brad Pitt à cabeça.

“Nos próximos dias haverá homenagens ao nosso amigo Jerry Weintraub”, disse o próprio Clooney, na segunda-feira, citado pelo diário britânico The Guardian, para continuar em seguida: “Vamos rir-nos das suas grandes histórias e aplaudir os seus feitos. E, nos anos que aí vêm, essas histórias e esses feitos ficarão ainda melhores com a idade, tal como o Jerry teria gostado.” O actor e realizador norte-americano está entre os melhores amigos do produtor e é uma das provas de que  Weintraub trabalhou com as maiores estrelas de cada era, lembra o Guardian, e que sempre soube separar o cinema da política – Clooney, reconhecido democrata, elogiava muitas vezes a visão do produtor, um dos maiores apoiantes do Partido Republicano em Hollywood.

Dada a sua filiação política, e a sua idade, não é de estranhar que no ciclo mais próximo Weintraub tivesse o antigo Presidente George Bush ou que fosse parceiro de golfe de outro chefe de Estado, Ronald Reagan, que morreu em 2004. É precisamente George Bush, que agora o definiu como “um verdadeiro americano”, quem diz que o seu sucesso se deve à força do seu instinto, à sua determinação e a uma “personalidade maior que a vida”. “Ele tinha uma paixão pela vida e durante os altos e baixos da sua carreira tornou-se evidente o quanto ele amava o mundo do espectáculo”, acrescentou ainda o ex-Presidente, segundo a britânica BBC.

Muitos foram os que se juntaram a Bush e Clooney nos elogios ao trabalho, à “alegria” e ao sentido de humor do produtor. “Tão triste com a perda de Jerry Weintraub”, escreveu na rede social Twitter Ralph Macchio, o “karate kid” dos três primeiros filmes, hoje com 53 anos. “Tu eras único, meu amigo […]. Tão feliz de ter sido aquele rapaz.”

Rob Lowe, que trabalhou com Weintraub numa das suas últimas produções, Por Detrás do Candelabro, sobre a vida do exuberante pianista americano Liberace, com Michael Douglas como protagonista e Steven Soderbergh atrás da câmara, confessou-se “chocado” com o facto de um “espírito tão criativo” como o do produtor de Ocean’s Eleven ter sido “silenciado” para sempre. O que Lowe disse no Twitter evoca as memórias de Weintraub, When I Stop Talking, You’ll Know I’m Dead, publicadas em 2011. É nelas que diz que é capaz de voltar para escrever outras, mas desta vez com o título Dead, But Still Talking.

Jerry Weintraub, também antigo CEO dos estúdios United Artists, nasceu em Brooklyn, Nova Iorque, em 1937, e cresceu no Bronx. Depois de passar pela Força Aérea, quis ser actor, mas cedo percebeu que a sua carreira passava pelos bastidores. Começou pela sala da correspondência da MCA Records e subiu a pulso, deixando a discográfica para formar a sua própria empresa. Foi com ela que promoveu digressões e concertos isolados com Sinatra, Elvis, Dylan, os Led Zeppelin e os Beach Boys. Da música para o cinema foi o que se sabe, com fracassos monumentais como Os Vingadores, de 1998, e grandes sucessos de bilheteira como o Karate Kid inaugural e Ocean’s Eleven, remake de 2001 de um original da década de 1960 em que desfilaram Clooney, Pitt, Matt Damon, Carl Reiner e Elliot Gould. “Trabalho com os maiores artistas e respeito-os”, dizia quando lhe perguntavam qual era o segredo do seu sucesso.

O produtor deixa por estrear um projecto em que vinha a trabalhar, uma nova versão da história de Tarzan, que deverá ser lançada em 2016.

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