Morreu Filipe Oliveira Dias, o arquitecto dos cine-teatros

Teatros municipais de Vila Real e de Bragança e o Teatro Helena Sá e Costa (Porto) são as suas obras mais conhecidas. Uma cadeira sua foi escolhida para equipar a sala de imprensa da Casa Branca.

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Filipe Oliveira Dias Adriano Miranda
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Fachada do Teatro Municipal de Bragança Mário Augusto Carneiro
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Interior do Teatro Helena Sá e Costa Nelson Garrido
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Interior do Teatro Municipal de Vila Real Nelson Garrido
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Cadeira Flame DR

O arquitecto Filipe Oliveira Dias morreu na noite desta quinta-feira na sua casa no Porto, vítima de cancro.

Nascido no dia 16 de Outubro de 1963 faria hoje 51 anos , nesta cidade, filho de um histórico vereador comunista da Câmara Municipal do Porto, Filipe Oliveira Dias deixa uma obra especialmente marcada por projectos de cine-teatros, seja em construções de raiz, como os teatros municipais de Vila Real e de Bragança, seja na reabilitação e readaptação de edifícios com história, como o cinema de São João da Madeira.  

Licenciado em Arquitectura, em 1989, pela Escola Superior Artística do Porto (ESAP), e depois doutorado na Universidade de Sevilha, Filipe Oliveira Dias era ainda um jovem arquitecto quando mostrou interesse por casas de espectáculo, com um projecto, que não sairia do papel, para o Teatro Marti, em Havana, Cuba. Mas, no final da década de 1990, o arquitecto concretiza a sua primeira obra de relevo nesta área, com o acrescento de um novo auditório no âmbito do programa de renovação da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE), no Porto, a que viria a  ser dado o nome de Teatro Helena Sá e Costa, em homenagem a este grande nome do piano e do ensino da música.

No início da década seguinte, são construídos os dois Cine-Teatros de Bragança e de Vila Real, que viriam a marcar a vida cultural das duas cidades e da região.

O arquitecto Luís Soares Carneiro, investigador na área da arquitectura teatral, diz que “Filipe Oliveira Dias fez alguns dos mais importantes equipamentos para espectáculos no país”, destacando os casos atrás referidos de Bragança e Vila Real. “Deixa uma marca muito clara neste panorama, tanto do ponto de vista arquitectónico como tecnológico”, acrescenta. E cita o restauro e modernização do velho cinema de São João da Madeira. “É um caso singular de mecanização da sala, que é facilmente transformável e adaptável a diferentes usos e lotações”, realça Luís Soares Carneiro.

A cadeira que desenhou para equipar os cine-teatros, designada Flame e que o autor disse ter desenhado inspirando-se numa harpa, foi escolhida, em 2007, para equipar a sala de imprensa da Casa Branca, em Washington.

Em paralelo com as salas de espectáculos, Filipe Oliveira Dias desenvolveu obra no domínio da habitação social e do urbanismo, tendo sido distinguido, em 2004, com o Prémio Instituto Nacional de Habitação (em conjunto com o arquitecto Rui Almeida) pelo projecto de habitações sociais para o Monte de S. João, no Porto.

Outra intervenção notória no espaço público é a que assinou para a requalificação do pavimentos da Rua de Miguel Bombarda – a “rua das galerias de arte”, no Porto , em parceria com o pintor Ângelo de Sousa.

A obra de Filipe Oliveira Dias está documentada em dois livros editados pela Campo das Letras: 15 Anos de Obra Pública (2004) e Odyssey - Architectural and Design Exploration (2007).

O corpo de Filipe Oliveira Dias vai estar em câmara ardente na tarde desta quinta-feira no centro funerário da Igreja da Lapa, no Porto, realizando-se o funeral amanhã, às 10h30, para o Cemitério de Agramonte.

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