Leonardo Padura lança Hereges no Correntes d’Escrita

A 16.ª edição do festival abre dia 26

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Decerto que alguém se lembrará de perguntar a Padura, autor com dupla nacionalidade cubana e espanhola mas que nunca quis sair de Havana (e que é um assumido fã de Hammett e Chandler), como vê o histórico reatamento de relações diplomáticas entre o seu país e os Estados Unidos.

Depois de um primeiro dia de aperitivos diversos, com leituras de poesia, lançamentos de livros e a abertura de uma exposição de obras do arquitecto e artista plástico Fernando Lanhas (1923-2012), a 16.ª edição do festival Correntes d’Escrita abre oficialmente dia 26, quinta-feira, de manhã com o anúncio do Prémio Literário Casino da Póvoa, este ano destinado à poesia, depois de ter distinguido, em 2015, o ficcionista Jorge Manuel Marmelo.

A lista de finalistas inclui onze livros de dez poetas das mais diversas gerações, de autores que começaram a publicar nos anos 50, como Fernando Guimarães ou Fernando Echevarría, passando por poetas como A. M. Pires Cabral ou Nuno Júdice, revelados nos anos 70, até Matilde Campilho, que lançou em 2014 o seu livro de estreia, Jóquei (Tinta da China), considerado o melhor livro do ano pelo crítico Gustavo Rubim.

Outros finalistas são José Tolentino Mendonça ­- o único representado com duas obras: Estação Central (2012) e A Papoila e o Monge (2013) -, Luís Quintais, Daniel Jonas, Golgona Anghel, Renato Filipe Cardoso, Fabiano Calixto e João Rios. O júri, que seleccionou estes títulos entre cerca de 80 livros publicados de Julho de 2012 a Junho de 2014, integrou os romancistas Almeida Faria (convidado de honra da edição deste ano), Valter Hugo Mãe e Afonso Cruz, e ainda a poetisa angolana Ana Paula Tavares e a jornalista Maria Flor Pedroso.

Embora esta sessão de abertura decorra como habitualmente no Casino da Póvoa, que financia o prémio, todo o festival se mudou este ano de armas e bagagens para o Cine-Teatro Garrett, que acolherá as mesas-redondas, os muitos lançamentos, as sessões de cinema e uma feira do livro. Com mais de meia centena de convidados, entre portugueses e estrangeiros, o nome a destacar este ano talvez seja, para lá do homenageado Almeida Faria, o do romancista cubano Leonardo Padura, que vem à Póvoa do Varzim lançar o seu último livro, Hereges (Porto Editora), um romance que abarca vários tempos, da segunda guerra ao presente, e que envolve um Cristo de Rembrandt que teve por modelo um jovem judeu.

Depois do sucesso crítico do seu livro anterior, O Homem que Gostava de Cães, centrado no assassino de Trotsky, Ramón Mercader, Padura regressa em Hereges à série de policiais protagonizados por Mario Conde, um desencantado detective que gostaria de ter sido escritor. O lançamento é na próxima sexta-feira à tarde, mas Padura participa no dia anterior numa mesa-redonda, intitulada A Literatura é um poço de liberdades, com Eduardo Lourenço, José Tolentino Mendonça, Manuel Rui, José Carlos de Vasconcelos e o músico brasileiro Martinho da Vila. Decerto que alguém se lembrará de perguntar a Padura, um autor com dupla nacionalidade cubana e espanhola mas que nunca quis sair de Havana (e que é um assumido fã de Hammett e Chandler), como vê este histórico reatamento de relações diplomáticas entre o seu país e os Estados Unidos.

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