Júlio Pereira: “Pela primeira vez gosto de tocar ao vivo”

Cavaquinho.pt, de Júlio Pereira, chega ao CCB no sábado dia 28. Antes, é apresentado esta sexta-feira em Évora, no Teatro Garcia de Resende.

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Júlio Pereira entre cavaquinhos: “O disco incentivou-me a compor" António Gamito

Um ano e um mês passados sobre o lançamento público do disco, Cavaquinho.pt volta ao CCB (onde foi lançado) mas desta vez para ser apresentado ao vivo.

Júlio Pereira, que tem andado neste último ano intensamente envolvido no trabalho da Associação Cultural e Museu Cavaquinho, escolheu este início do ano para voltar aos palcos, e com o disco que marcou o seu regresso a um instrumento de longa história. Depois de Cavaquinho, de 1981, disco que inclusive levou muita gente a interessar-se por este instrumento, Júlio Pereira investiu fortemente no projecto Cavaquinho.pt, disco de originais que, para além de relançar, já no século XXI, a sonoridade do cavaquinho como solista, acompanhou o movimento que, a partir da associação, está a registar a prática do cavaquinho como memória histórica e património, não só português como internacional.

Embora no disco Júlio Pereira recorra à voz humana como complemento, como fez em vários trabalhos seus, nos espectáculos pô-la de parte. “Quando fiz o disco, em 2014, ocorreu-me experimentar o violoncelo. Porquê? Porque, de todos os instrumentos, é aquele que, pelas suas frequências e tessitura, mais se aproxima da voz humana. Convidei a [violoncelista] Sandra Martins, porque a tinha ouvido tocar e gostei de a ouvir, e é curioso que é como se nós apresentássemos os instrumentos um ao outro, porque são universos distintos. Lembro-me até que no primeiro ensaio que tivemos tocámos com cautela. Porque se tocássemos como tocamos normalmente, éramos capazes de ficar a olhar um para o outro”. E a solução encontrada, diz o músico, acabou por se aproximar mais do quarteto de câmara: cavaquinho, bouzouki, viola e violoncelo. “Digo, por graça mas com uma parte de verdade, que pela primeira vez gosto de tocar ao vivo.”

A exposição “70 cavaquinhos, 70 artistas” (com cavaquinhos trabalhados e pintados por 70 artistas plásticos), que anda a circular por várias cidades do país, depois de ter sido apresentada nos Jerónimos (onde teve mais de 40 mil visitantes em 40 dias) tem ajudado, segundo Júlio Pereira, “a que as pessoas se reencontrem com o cavaquinho”. Neste momento está em Braga e irá depois para o Funchal, Coimbra, Guimarães, Viana do Castelo, Barcelos, e há já “mais de vinte pedidos, quer nacionais quer estrangeiros”, para receberem a exposição. “Mesmo de cidades que não têm nada que ver com o cavaquinho, é bom notar. E isto naturalmente repercute-se nos concertos.” E explica o facto de, por exemplo, ele ter tido salas cheias em Coimbra, Santo André e Marinha Grande quando ali apresentou o disco, a 22 de Janeiro e a 20 e 21 de Fevereiro, respectivamente.

Nestes concertos, que o levarão esta sexta-feira, 27 de Fevereiro, ao Teatro Garcia de Resende em Évora e sábado 28 ao CCB, em Lisboa, Júlio Pereira apresentará, além do repertório do disco, vários temas novos. “O disco incentivou-me a compor. Em palco vamos apresentar vários temas novos, que ainda não foram gravados. “Há por exemplo, um tema que dediquei ao Festival de Sines, que foi absolutamente fantástico, a nossa actuação correu muito bem. E há outros, mas têm títulos ainda provisórios, apenas como referência para nós.” Em palco, com Júlio Pereira (cavaquinhos), estarão Miguel Veras (guitarra), Luís Peixoto (bouzuki) e Sandra Martins (violoncelo).



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