José Rodrigues dos Santos em castelhano pela Gradiva Ibérica

O editor português Guilherme Valente criou a Gradiva Ibérica para publicar em castelhano. O romance La Llave de Salomón, de José Rodrigues dos Santos, chega às livrarias espanholas a 19 de Maio.

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O romance La Llave de Salomón , de José Rodrigues dos Santos, é o primeiro livro a ser publicado pela Gradiva Ibérica. A editora de Guilherme Valente começará este mês a editar em castelhano com distribuição para Espanha.

A tradução do romance A Chave de Salomão, que em Portugal já vai na nona edição, com 115 mil exemplares vendidos, e que foi também publicado em França, estará à venda nas principais cadeias de livros espanholas a partir de 19 de Maio numa primeira tiragem de 11.500 exemplares. Tem a chancela Gradiva Ibérica.

Este é “uma espécie de capricho espanhol” do editor português Guilherme Valente que na sua longa carreira trabalhou nas Publicações Europa-América, na D. Quixote e na Editorial Presença antes de criar a sua própria editora, a Gradiva, em 1981. “Parte de uma vontade minha de fazer qualquer coisa diferente, é um desafio”, explica aos jornalistas durante o almoço de apresentação da Gradiva Ibérica à imprensa.

“Se a Planeta vem para cá, se a Esfera dos Livros e a Santillana vêm para cá, por que é que os portugueses não hão-de ir para lá? Também há razões culturais. Por que é que havemos só de importar e não de dar a nossa cultura para que outros possam beneficiar dela também? O que nos enriquece é o encontro de culturas”, acrescenta o editor, que é autor de Os Anos Devastadores do Eduquês (ed. Presença).

Valente lembra que os editores portugueses tradicionalmente têm ido para o Brasil, mas que sempre sentiu que o Brasil era um mercado “muito difícil para Portugal”, e por isso se aventurou por outros territórios. Aliou-se em Espanha à distribuidora das obras do grupo editorial La Esfera del Libro e do jornal desportivo Marca, a Logintegral, para melhor conquistar o mercado.

A Gradiva foi pioneira na sua colecção Ciência Aberta, publica João Lobo Antunes, Nuno Crato e Carlos Fiolhais, ou ensaístas como Eduardo Lourenço, que ali tem a obra completa. Na ficção encontram-se as obras de escritores consagrados da literatura anglo-saxónica como Ian McEwan ou Kazuo Ishiguro e é nesta editora que o jornalista e escritor português José Rodrigues dos Santos tem publicado os seus livros.

É com este seu autor best-seller que Guilherme Valente entrará no mercado espanhol (mais tarde poderá também vender os seus livros na América Latina). Porquê? “Porque José Rodrigues dos Santos vende em todo o mundo e já tem alguns dos seus livros anteriores publicados em Espanha. O Codex 632, por exemplo, vendeu na editora espanhola Roca cerca de 35 mil exemplares.”

Tendo em conta que o último dos livros de José Rodrigues dos Santos já publicados em Espanha -  Fúria Divina -  saiu naquele país em 2011, também na Roca, e que desde aí o escritor português não publicou mais nenhuma obra naquele país, entende-se que a ideia desta ida para Espanha tenha tido o apoio do próprio autor que já desafiou Guilherme Valente a publicá-lo também na Holanda. Rodrigues dos Santos passou a negociar directamente com a sua editora portuguesa os seus direitos de autor, ficando a beneficiar com esse acordo, confirmou Guilherme Valente.

Numa primeira fase da Gradiva Ibérica, tudo está a ser feito em Portugal – paginação, impressão, material promocional para as lojas, como expositores - e a sede também é aqui. Enviam os livros e os materiais para Espanha onde são depois distribuídos pela Logintegral.

“O cenário mais interessante é que este primeiro livro da Gradiva Ibérica venda 20 mil exemplares. O cenário pior é perdermos o dinheiro que estamos a investir. Mas só parto para esta aventura porque esse dinheiro é como se o tivéssemos perdido. É um gosto”, acrescenta Guilherme Valente.

Se tudo correr bem, poder-se-á seguir a edição de outros livros, como O Património Genético Português - A história humana preservada nos genes, de Luísa Pereira e Filipa M. Ribeiro; Passeio Aleatório pela ciência do dia-a-dia, de Nuno Crato, Física Divertida, de Carlos Fiolhais, e todos os ensaios de João Lobo Antunes publicados na Gradiva.

No futuro o editor português não descarta a hipótese de passar a comprar também os direitos para Espanha de obras de escritores estrangeiros que já edita em Portugal.

 

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